O Brasil apresentou um déficit nas transações correntes (parte do balanço de pagamentos que inclui as contas da balança comercial, balança de serviços e as transferências unilaterais para o exterior) de US$ 4,3 bilhões, segundo dados de Relatório do Setor Externo do Banco Central (BC), divulgados na segunda-feira (23). O déficit já soma US$ 33,9 bilhões (1,84% do PIB) nos 12 meses encerrados em agosto. Em julho o déficit tinha sido de de US$ 9,035 bilhões.
Esse é o pior resultado das transações correntes para agosto desde 2014, quando houve déficit de US$ 5,998 bilhões. De janeiro até o mês passado, o saldo é deficitário nas transações correntes em US$ 30,277 bilhões, frente a um déficit de US$ 8,901 bilhões no mesmo período de 2018.
Ao mesmo tempo em que a economia brasileira se encontra à beira da recessão, a remessa de lucros e dividendos de multinacionais instaladas no Brasil para o exterior alcançou US$ 3,433 bilhões líquidos em agosto deste ano. Com esse resultado, a conta de renda primária (juros e lucros) ficou deficitária em US$ 4,727 bilhões frente ao déficit de US$ 1,0 bilhão observado no mesmo período de 2018.
No acumulado do ano, o déficit em renda primária totalizou US$ 35,1 bilhões, 26,6% superior ao observado no ano anterior.
Em agosto, as exportações de bens totalizaram US$ 18,8 bilhões, recuo de 12,7% na comparação com o mesmo período do ano passado. Na mesma base de comparação, as importações de bens reduziram 16,0%, alcançando US$ 16,2 bilhões. Um saldo de US$ 2,6 bilhões no mês. No acumulado do ano a balança apresenta um superávit comercial de US$ 27,2 bilhões, resultado abaixo dos US$ 33,4 bilhões observados em agosto de 2018.
O BC destaca ainda que a conta de serviço atingiu um déficit de US$ 2,5 bilhões no mês de agosto, 23,7%, resultado inferior ao de agosto de 2018. Para este indicador, o BC esclarece que houve “reduções nas despesas líquidas de aluguel de equipamentos, de US$ 1,4 bilhão para US$ 1,0 bilhão, e de viagens internacionais, de US$900 milhões para US$ 846 milhões (…)”.
Os ingressos líquidos de capitais para aquisição de empresas brasileiras, o chamado investimento direto no país (IDP), somaram US$ 9,5 bilhões no mês, resultado de ingressos líquidos de US$ 8,4 bilhões em participação no capital, e de US$ 1,1 bilhão em operações intercompanhia. No acumulado do ano, os ingressos líquidos de IDP somaram US$ 41,2 bilhões, 10,5% inferiores aos US$ 46,0 bilhões do mesmo período de 2018.
Em agosto, houve saídas líquidas de US$ 6,6 bilhões em instrumentos de portfólio (títulos e ações) negociados no mercado doméstico, dos quais US$ 3,4 bilhões em ações e fundos de investimento, e o restante em títulos de dívida. No ano, até agosto, as entradas líquidas de US$ 7,5 bilhões em instrumentos negociados no mercado doméstico decorreram dos fluxos positivos de US$ 8,1 bilhões em títulos de dívida.