Para o professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB) José Luís
Oreiro, o reajuste de R$ 8 sobre o valor do salário mínimo aprovado pelo Congresso Nacional
para 2020 “não dá para comprar um quilo de carne de segunda”.
No final do ano passado (31), Bolsonaro editou uma medida provisória (MP 916/19) que
estipulou mais R$ 8 no valor do salário mínimo de R$ 1.031, previsto na Lei Orçamentária
Anual (LOA) de 2020. Segundo o governo, o reajuste foi para compensar a alta no preço da
carne.
“Anteriormente, o governo projetou o salário mínimo de R$ 1.031 por mês para 2020. A
recente alta do preço da carne pressionou a inflação e, assim, gerou uma expectativa de INPC
mais alto, o que está refletido no salário mínimo de 2020. Mas como o valor anunciado ficou
acima do patamar anteriormente estimado, será necessária a realização de ajustes
orçamentários posteriores, a fim de não comprometer o cumprimento da meta de resultado
primário e do teto de gastos definido pela Emenda Constitucional nº 95”, informou o
secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues Junior, através de nota. A MP já está em
vigor imediatamente, mas depende de confirmação da Câmara dos Deputados e do Senado.
O economista José Oreiro destaca que o reajuste é incipiente e que o impacto no bolso dos
mais pobres será pequeno, assim como nas contas públicas. “São R$ 8 a mais. Não dá para
comprar um quilo de carne de segunda”, observou o professor, afirmando ainda que o critério
de valorização já foi “mais justo, mas, com Temer e Bolsonaro, houve uma interrupção do
reajuste real”, lembrou Oreiro.
Em 2019, as exportações de carne bovina dispararam e faltou carne para o brasileiro. Os
preços também dispararam no mercado interno e junto a inflação. Já Bolsonaro lavou as mãos
e desejou a todos um Feliz Natal, sem carne.