Registros de acesso a câmeras onde petista foi morto foram apagados
Um novo elemento torna mais suspeitas as circunstâncias em torno do assassinato do petista Marcelo Arruda pelo bolsonarista Jorge Guaranho no começo e julho em Foz do Iguaçu (PR). Laudo pericial anexado nesta terça-feira (2) ao processo apontou que foram apagados registros de acesso às imagens de câmeras de segurança do salão onde aconteceu o crime.
Segundo a perícia, solicitada pela Polícia Civil, tais informações foram deletadas em 11 de julho, portanto, dois dias após o homicídio. Com isso, não é possível saber quem e quando houve acesso às gravações antes dessa data. No entanto, não houve adulteração das imagens.
“Ao analisar as configurações do equipamento identificou-se que o serviço de acesso remoto P2P estava ativado e que às 08h57min02seg do dia 11/07/2022 ocorreu um evento de ‘Limpar’ que apagou todos os registros de eventos do aparelho anteriores a esta data. Logo, pela análise dos logs presentes não foi possível afirmar se houve acesso às imagens na data de 09/07/2022”, aponta a perícia.
Uma das questões que as informações apagadas poderiam esclarecer é quem teria tido acesso e mostrado as imagens a Guaranho, o que poderia ter servido estopim para a ida dele até o local.
Este é mais um fato que torna o caso ainda mais intrigante. No dia 17 de julho, oito dias após o assassinato, o responsável por operar o equipamento de vigilância e diretor da associação onde ocorreu a festa, Claudinei Coco Esqualini, foi encontrado morto.
De acordo com o boletim de ocorrência, ele teria se jogado de um viaduto na cidade de Medianeira (PR). Depoimentos colhidos na ocasião apontaram que ele era o responsável por passar a senha de acesso às imagens das câmeras. O Ministério Público e a Polícia Civil do Paraná apuram se há relação entre o assassinato de Arruda e a morte de Esqualini.
O autor dos disparos que mataram Marcelo Arruda segue internado. Guaranho foi indiciado, no dia 15 de julho, por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e por causar perigo a outras pessoas. A pena pode variar de 12 a 30 anos de prisão. O Ministério Público divergiu das conclusões da Polícia Civil do Paraná — que terminou as investigações em menos de uma semana e descartou o contexto político do crime —, e indicou ter havido “motivação fútil por preferências político-partidárias antagônicas”.
Da redação
(PL)