O governo de São Paulo informou nesta segunda-feira (14), que a entrega do estudo conclusivo do Instituto Butantan sobre a CoronaVac acontecerá no dia 23 deste mês e que o pedido de registro definitivo será realizado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no mesmo dia.

A medida visa garantir agilidade no processo de certificação não apenas no Brasil, mas em outros órgãos internacionais. A mesma solicitação – de registro definitivo – será igualmente levada à NMPA (National Medical Products Administration), instituição chinesa responsável pela regulação de medicamentos.

Com essa estratégia, a vacina não deverá ter certificação para uso emergencial, mas definitivo e poderá, assim que reconhecida pelas autoridades chinesas ou brasileiras, ser utilizada e exportada para outros países.

“Os brasileiros querem agilidade, querem as vacinas e sua proteção. Não aguentam mais viver em meio a uma pandemia que mata, hoje, mais de 600 brasileiros por dia”, afirmou o governador paulista. “Quanto mais rápido vacinarmos de forma segura e planejada, mais vidas serão salvas no Brasil. Vamos vacinar imediatamente, começando em janeiro e com as vacinas que estiverem disponíveis, não importa a sua origem”, disse o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) na coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes.

Segundo o governador, a decisão atende a uma recomendação do comitê internacional independente que acompanha a pesquisa desenvolvida pelo Instituto Butantan e o laboratório chinês Sinovac.

Doria disse que o instituto brasileiro e a empresa chinesa decidiram encerrar a fase três do estudo clínico no País nesta semana, já que o patamar ideal de 154 voluntários com diagnóstico positivo de coronavírus foi alcançado e superado.

“Registrar a vacina com estudo conclusivo vai permitir maior confiabilidade na análise da eficácia da vacina. Outro benefício será conquistar o registro definitivo da vacina em vários países do mundo. São Paulo espera obter o registro da vacina do Butantan até o final deste ano e iniciar a vacinação em 25 de janeiro conforme está programado. Com autorização da Anvisa ou de órgão similar internacional”, afirmou Doria.

Doria ainda cobrou do governo do presidente Jair Bolsonaro a antecipação dos planos para iniciar a vacinação contra a covid-19 no Brasil.

“O governo brasileiro não tem sequer a data para começar a vacinação. O Brasil quer menos política e mais vacina (…) O governo federal precisa correr pela vida. Por que insistir no marasmo? Por que insistir numa discussão política ideológica? A quem interessa essa lentidão que leva a vida de mais de 600 brasileiros todos os dias? Por que não iniciar a vacinação em janeiro ao invés de março, como propôs o Ministério da Saúde recentemente?”, questionou.

“A nossa recomendação é para que o Ministério da Saúde e o Palácio do Planalto acreditem nos cientistas, nos médicos, na ciência e na vida e comecem a vacinar os brasileiros agora em janeiro. Parem de menosprezar os mortos pela pandemia”, completou.

Segundo a Lei 14.006 de 28 de maio de 2020, Lei Covid, a Anvisa tem o prazo de 72 horas para autorizar a importação e distribuição da vacina caso ela seja registrada por autoridade sanitária de seu país de origem.

O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse que a decisão ocorreu após os cientistas sinalizarem que o número mínimo de 154 voluntários infectados durante os testes já foi ultrapassado. Segundo ele, a fase 3 da vacina do Butantan já tem 170 voluntários infectados.

O estudo conclusivo vai medir a taxa de eficácia do imunizante comparando quantos receberam placebo e quantos tomaram a vacina. A taxa mínima recomendada pela própria Anvisa é de 50% como parâmetro de proteção.

Covas informou ainda que o Butantan concluiu o envase de um milhão de doses do imunizante com os insumos que vieram da China. “Não é uma vacina apenas para o Brasil, é uma vacina para o mundo”, afirmou. “Atingimos a meta deste estudo clínico que permitirá o registro desta vacina no Brasil, na China e no mundo”.