Refinaria privatizada na Bahia têm diesel mais caro do país
Sob o controle da Refinaria Mataripe, ex-Landulpho Alves (Rlam) da Petrobras, privatizada no governo Bolsonaro, o estado da Bahia passou a ocupar o 1º lugar com o diesel S10 mais caro do país, segundo um levantamento do Poder360, com base nas pesquisas semanais da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Na semana passada, o preço médio do diesel S10 na Bahia chegou a R$ 7,66 o litro, o mais alto de todos os estados.
A sondagem leva em consideração os preços desde janeiro deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado, quando a refinaria era da Petrobras. De janeiro até a 1ª semana de maio de 2021, os preços na Bahia apareciam de 23º a 16º mais caros, considerando-se todos os 26 Estados e o Distrito Federal. Ou seja, invertendo o ranking, o Estado figurava do 5º ao 12º lugares entre os preços mais baixos.
Os dados desmontam a falácia de que com a privatização os preços serão reduzidos. Segundo a pesquisa, em dois momentos do período analisado neste ano — na semana do reajuste de 24,9% da Petrobras no diesel e na semana passada— o preço médio baiano desbancou o do Acre, que sempre ocupou o 1º lugar entre os preços mais altos.
A Landulpho Alves (Rlam) – hoje chamada de Mataripe – foi a primeira refinaria privatizada pelo governo Bolsonaro em dezembro de 2021. Ela é controlada pela empresa Acelen, que pertence ao fundo árabe Mubadala Capital – que assim que assumiu o controle da refinaria passou a modificar a métrica e a forma de divulgação dos reajustes dos combustíveis.
Ontem (12), o novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, entregou ao ministro da Economia, Paulo Guedes, o pedido para iniciar os estudos de privatização da Petrobras e da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) – estatal responsável por comercializar o óleo e o gás extraídos da camada pré-sal.
Para o pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Henrique Jager, o governo vai na contramão ao que outros países produtores têm feito.
“Se a gente for olhar o que está acontecendo no mundo, os governos estão mais intervencionistas. O que a gente vê na indústria de óleo e gás é o aumento da participação do Estado. É uma reserva estratégica. Os países que têm reservas têm procurado ter um controle maior disso. E, no Brasil, o novo ministro, com discurso próximo ao do Paulo Guedes, vai em sentido contrário ao mundial”, disse Jager.
O pesquisador destaca ainda que a privatização da Rlam resultou na subida dos preços dos combustíveis.
“O discurso era que os preços iriam cair. O combustível na Bahia é o mais caro do Brasil neste momento. Os segmentos que foram privatizados não reduziram os preços. Pelo contrário. aumentaram. Então, se o discurso é: quero reduzir os preços, privatizar não é a saída. Então, o discurso é muito mais para criar uma cortina de fumaça”, disse Jager.