O carnaval do Recife começou oficialmente com o colorido do circo, reverência às crianças da cidade e homenagens ao maestro Edson Rodrigues e ao centenário do Bloco das Flores. O músico Antônio Nóbrega, mestre de cerimônia do carnaval pernambucano saudou Paulo Freire, os povos indígenas e quilombolas e cantou uma música em homenagem à vereadora Marielle Franco, executada por milicianos no Rio de Janeiro em 2018.
A abertura da festa na capital pernambucana começou com um cortejo com crianças que caminharam pela Boulevard Rio Branco em direção ao palco principal, no Marco Zero. Acompanhados de orquestra de frevo, clarins e grupos de maracatu, bois e blocos líricos infantis, o desfile contou com a participação da Escola Pernambucana de Circo com malabares e palhaços, fazendo alusão ao tema do carnaval deste ano da cidade, “O universo do circo, a criança e a cultura popular”.
Perto das 19h30, teve início o espetáculo de abertura com Antônio Nóbrega, que reverenciou o educador pernambucano Paulo Freire nos primeiros minutos da apresentação. O artista prestou ainda homenagem aos povos indígenas. Enquanto Nóbrega pedia proteção aos “guardiões das nossas matas e reservas da esperança”, imagens do líder indígena Paulino Guajajara, assassinado em novembro do ano passado no Maranhão; do ativista e ambientalista Chico Mendes e do cacique Raoni eram exibidas nos telões do palco. “Salve o chão de Paulo Freire aqui no Marco Zero, salve os povos indígenas, salve todos os orixás e o povo dos terreiros”, saudou o artista.
Acompanhado por 10 músicos, 24 bailarinos e oito artistas circenses, Antônio Nóbrega apresentou O morro não tem vez, de Tom Jobim, e Luzia no frevo, de Antonio Sapateiro, além do segmento “Quem mandou matar Marielle”. Depois do espetáculo de abertura, por volta das 21h, teve início o bloco de atrações musicais. O público curtiu shows dos homenageados do carnaval do Recife 2020, maestro Edson Rodrigues e Bloco das Flores. Na sequência, será a vez do Maestro Forró e a Banda Popular da Bomba do Hemetério, seguido pelo brega romântico da cantora Priscila Senna.
O carnaval de 2020 é o último da gestão do prefeito Geraldo Julio (PSB). Presente no camarote oficial do Galo da Madrugada, ele comentou o sentimento de estar no seu oitavo ano à frente do cargo. “Estou muito feliz. Vivendo, claro, a emoção de ser o meu oitavo ano de festa como prefeito. Muito feliz vendo as pessoas tão felizes. Cada dia de carnaval é muito marcante”, disse.
Sobre a presença dos foliões nas ruas, Geraldo disse que o carnaval deste ano “deve ser o maior da história”. O prefeito ressaltou a quantidade de voos com destino ao Recife nos últimos dias.
Em meio à festa, lembrou a época de folião. “Sempre brinquei em todos os lugares. O carnaval do Recife é o carnaval mais democrático do Brasil, e o mais barato também”, finalizou.
BLOCO DAS FLORES 100 ANOS
Um dos homenageados deste ano, o Bloco das Flores, que completou 100 anos em 2020, foi reverenciado pelo público por volta das 19h, quando começaram as apresentações no principal palco do carnaval do Recife. Integrantes do bloco lírico entregaram flores à plateia. O outro homenageado da festa, maestro Edson Rodrigues, com mais de 60 anos dedicados ao frevo, também se apresentou na noite de abertura.
Com o Bloco das Flores, se apresentaram o rei Momo Marcone dos Santos e a rainha do carnaval do Recife, Ruana Karina. Frederico Batista, 68 anos, e Maria de Fátima dos Santos, 63, rei e rainha da Pessoa Idosa, além de Caio Rocha e Zemili Kasala, rei e rainha da Pessoa com Deficiência do Carnaval do Recife, respectivamente, também participaram da cerimônia de boas-vindas aos festejos de momo.