Em mais uma edição da ‘Conversa política’ — ciclo semanal permanente de debates promovido pela seção estadual pernambucana da Fundação Maurício Grabois —, a ingente questão da participação política das Forças Armadas foi o foco na noite de hoje, a partir de exposição de Ronald Freitas, integrante da direção nacional do PCdoB.

Por Luciano Siqueira*

Em extensa e didática retrospectiva da relação entre as Forças Armadas e a vida política do país, desde o seu nascedouro e na esteira da gradativa formação do Estado nacional aos dias atuais, Freitas abordou o tema mesclando fatos históricos cronologicamente situados e conceitos teóricos.

Em sua análise, ressalta o Exército, assim como a Marinha e Aeronáutica, como braços armados do Estado vigente. Nunca equidistantes da cena política, antes participes ativos, direta ou indiretamente.

Ao longo da história republicana, na análise de Ronald de Freitas, se destacam dois pontos de inflexão de caráter politicamente distintos: a revolução de 1930, de caráter progressista; e o golpe de 1964, a partir de que as Forças Armadas assumem definitivamente o ideário liberal na economia e autoritário quanto ao exercício do poder político, sob forte influência norte-americana.

É com esse pedigree, digamos assim, que as Forças Armadas se permitiram instrumentalizar em plenitude com advento do governo do capitão reformado Jair Bolsonaro; e se relacionam agora com o novo governo Lula, em complexo ambiente de instabilidade e tensões.

Tanto quanto a absoluta necessidade de construir uma maioria parlamentar pela governabilidade e redefinir a política fiscal e monetária de modo a permitir a retomada da economia sob o vértice das atividades industriais — acrescento — fica evidente, no debate com Ronald Freitas, que a chamada “questão militar” completa a tríade de desafios cruciais do atual governo.

O conteúdo do debate, que durou quase duas horas, permanece no canal do PCdoB de Pernambuco no YouTube, com acesso livre (assista abaixo). Um conteúdo denso e consistente, disponível para novos debates e estudos acerca do tema.

*Médico, membro do Comitê Central do PCdoB e secretário nacional de Relações Institucionais, Gestão e Políticas Públicas do partido