Queiroga obedeceu ordem de Bolsonaro ao suspender vacinação de jovens
Jair Bolsonaro mandou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, revogar a orientação de vacinação entre os jovens entre 12 e 18 anos sem comorbidades depois de assistir um programa da Jovem Pan, informou o comentarista Augusto Nunes, que trabalha na emissora.
Para seguir a ordem, Queiroga não consultou os técnicos do Ministério da Saúde e do Plano Nacional de Imunizações (PNI) e argumentou que não há segurança científica para que esses jovens sejam vacinados.
No programa “Pingos nos is”, Ana Paula Henkel, conhecida como Ana Paula do Vôlei, disse que os Estados estavam vacinando menores de idade sem comorbidades sem a recomendação do Ministério da Saúde, o que é mentira, e cobrou Queiroga a prestar esclarecimentos.
Depois de assistir ao programa, Jair Bolsonaro conversou com o Marcelo Queiroga e ordenou que o Ministério falasse abertamente que não recomendava a imunização de menores de idade.
Bolsonaro também entrou em contato com o comentarista Augusto Nunes. Segundo Nunes, “o próprio presidente, que acompanha o programa, falou com o ministro Queiroga e pediu para passar a informação para todos nós e para todos os que estão acompanhando, segundo a qual a vacina está apenas disponível para menores com comorbidade que queiram tomar a vacina”.
Na transmissão ao vivo da quinta-feira (16), Marcelo Queiroga confirmou que a ideia foi de Bolsonaro. “O senhor tem conversado comigo sobre esse tema e nós fizemos uma revisão detalhada do banco de dados do DataSUS”.
A nota oficial do Ministério da Saúde diz que retirou os menores de idade sem comorbidade do Plano Nacional de Imunizações porque o índice de mortes por Covid-19 nesse grupo é, segundo o ministério, baixo e não há evidências de que a vacinação é segura.
Fontes de dentro do Ministério afirmam que a decisão foi tomada também porque estão faltando imunizantes no país.
Nas redes sociais, os internautas compararam Marcelo Queiroga com o ex-ministro Eduardo Pazuello, que disse que sua relação com Bolsonaro era de “um manda e o outro obedece”.
Nesta sexta-feira (17), com a alta repercussão negativa, Queiroga se esforçou para limpar a imagem pazuellista de si e disse que “Bolsonaro não mandou nada. O presidente não interfere nisso daí”.