Queimada na Amazonia.

Na segunda-feira (19), moradores de São Paulo, Mato Grosso do Sul e do norte do Paraná se assustaram ao presenciar o “dia virar noite”. A partir das 14 horas, uma névoa escura cobriu a capital paulista e deixou a cidade no escuro.

Segundo os meteorologistas, o fenômeno aconteceu em consequência do encontro de massas de ar em diferentes temperaturas associadas ao aumento das queimadas na região amazônica.

De janeiro a agosto de 2019, as queimadas no Brasil aumentaram 82% em relação ao mesmo período do ano passado.

Neste ano, foram 71.497 focos, ante 39.194 em 2018, o que representa a maior alta já registrada e também o maior número em 7 anos no país. Os dados foram gerados pelo Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com base em imagens de satélite.

De acordo com especialistas, uma frente fria com ventos marítimos, originada do sul do Brasil, trouxe uma nuvem do tipo stratus, que é mais baixa e carregada. Somado a isso, as queimadas da floresta amazônica nos estados do norte e centro-oeste do país, geraram uma fumaça, que foi intensificada com focos em outros países da América Latina.

Segundo o portal Climatempo, a fumaça proveniente de queimadas na região amazônica, nos estados do Acre e Rondônia e na Bolívia, chegou a São Paulo pela ação dos ventos.

“A fumaça não veio de queimadas do estado de São Paulo, mas de queimadas muito densas e amplas que estão acontecendo há vários dias em Rondônia e na Bolívia. A frente fria mudou a direção dos ventos e transportou essa fumaça pra São Paulo”, diz Josélia Pegorim, meteorologista do Climatempo.

“Aqui na região da Grande São Paulo a gente teve a combinação desse excesso de umidade com a fumaça, então deu essa aparência no céu”, completou.

No final de semana, a direção do vento estava levando a fumaça para o Sul do Brasil. Com a chegada da frente fria no Sudeste, a fumaça começou a ser direcionada para o estado de São Paulo, segundo o Climatempo.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgados nesta segunda-feira (19/08) apontam que as queimadas no Brasil aumentaram 82% quando comparadas as ocorrências registradas entre janeiro e 18 de agosto de 2019 às do mesmo período no ano passado.

Segundo o Programa Queimadas do Inpe, nos primeiros oito meses deste ano foram registrados 71.497 focos de queimadas contra 39.194 no ano anterior, marcando o maior número registrado desde 2013, primeiro ano de que o Inpe tem registro para o período. O recorde anterior ocorreu em 2016, quando foram registrados 66.622 focos.

Os estados onde foram registrados os maiores aumentos em relação ao ano passado foram: Mato Grosso do Sul (260%), Rondônia (198%), Pará (188%), Acre (176%) e Rio de Janeiro (173%). Os números do Mato Grosso, com 13.641 focos, correspondem a 19% do total das queimadas no Brasil neste ano e a um aumento de 88% em relação ao mesmo período de 2018.

O mês de agosto vem batendo o recorde dos últimos sete anos, com 32.932 focos de queimadas, o que significa um aumento de 264% em relação ao mesmo mês de 2018.

De acordo com os dados, gerados por imagens de satélite, nas 48 horas que antecederam o dia 19 de agosto, foram registrados 5.253 focos no Brasil. No mesmo espaço de tempo houve 1.618 focos na Bolívia, 1.166 no Peru, e 465 no Paraguai. Grandes áreas da Amazônia foram atingidas.

Segundo Alberto Setzer, pesquisador do Programa Queimadas do Inpe, as queimadas “são todas de origem humana, umas propositais e outras acidentais, mas sempre pela ação humana”.

“Para você ter queimada natural você precisa da existência de raios. Só que toda essa região do Brasil central, sul da Amazônia, está uma seca muito prolongada, tem lugares com quase três meses sem uma gota d’água”, afirmou Setzer, citado pelo portal G1.

De acordo com o pesquisador, que o fenômeno atmosférico El Niño contribui para o aumento da estiagem, mas não pode ser apontado com a causa dos incêndios, contribuindo apenas para que o fogo se espalhe.