A televisão iraniana afirmou que já foram encontrados os dois gravadores de voz e dados da caixa preta do Boeing 737-800 ucraniano que caiu na quarta-feira (8), cinco minutos após a decolagem do Aeroporto Internacional Imã Khomeini.

Não há sobreviventes no voo PS752 da Ukraine International Airlines (UIA), que tinha Kiev como destino. 176 pessoas morreram no desastre. A aeronave caiu ao chão como uma bola de fogo, de acordo com testemunhas.
Fontes de segurança ouvidas pela Reuters – três norte-americanos, um europeu e um canadense, que falaram sob sigilo – afirmaram que a avaliação inicial é que o Boeing 737-800 sofreu “um mau funcionamento técnico”. Para a fonte canadense, há evidências de que “um dos motores do jato havia superaquecido”.

 

DESTROÇOS FUMEGANTES
Um vídeo amador, divulgado por agências de notícias iranianas, mostrou um flash descendente no céu escuro. Foi acompanhado por comentários de que a aeronave estava “pegando fogo” e, em seguida, um flash mais forte, ao que parece, ao atingir o chão.
“O fogo é tão intenso que não podemos resgatar. Temos 22 ambulâncias, quatro veículos de serviços de saúde e um helicóptero no local ”, disse Pirhossein Koulivand, chefe dos serviços de emergência do Irã, à televisão estatal iraniana.
Os destroços fumegantes, incluindo sapatos e roupas, estavam espalhados por um campo a sudoeste da capital iraniana, onde equipes de resgate com máscaras faciais coletavam dezenas de sacos de cadáveres.
As vítimas são 82 iranianos, 63 canadenses e 11 ucranianos – o que inclui 13 crianças menores de 10 anos. No aeroporto principal de Kiev, velas e flores foram colocadas ao lado de fotos dos nove tripulantes ucranianos falecidos. Havia muitos canadenses de origem iraniana voltando das férias e que fariam conexão na capital ucraniana para Toronto.
CAIXA PRETA

O Boeing sinistrado havia passado pela revisão regulamentar há dois dias e a companhia aérea ucraniana garantiu que o avião, que só tem três anos de idade, estava funcionando corretamente. Para a UIA, a possibilidade de um erro humano é “mínima”.”Era um dos nossos melhores aviões, com uma equipe excelente e muito segura”, disse o presidente da companhia aérea, Ievguen Dykhne, em lágrimas em uma entrevista coletiva em Kiev.
Foi o primeiro acidente fatal da companhia aérea ucraniana. Mas em julho do ano passado, outro avião da UIA que viajava de Kiev a Bangcoc teve que pousar em emergência devido a problemas em um de seus motores, de acordo com investigação interna da empresa. Na ocasião, o Boeing 767 foi forçado a retornar ao aeroporto da capital da Ucrânia, depois de apresentar problemas para ganhar altura e a tripulação notou as falhas técnicas.
Segundo as regras internacionais, a responsabilidade de investigar o acidente recai sobre  o Irã. A Ucrânia confirmou o envio de uma equipe de especialistas ao Irã para a investigação. Também o Canadá anunciou que irá discutir com Teerã a necessidade de uma “investigação completa”, com o primeiro-ministro Trudeau dizendo que é “perigoso especular” sobre as possíveis causas, antes mesmo do início da investigação.
De acordo com fontes do Irã, o piloto não fez qualquer comunicado de problema com o voo. “Não daremos ao fabricante e aos americanos a caixa preta”, disse Ali Abedzadeh, chefe da Organização da Aviação Civil do Irã, citado pela agência iraniana Mehr. O funcionário disse que ainda não foi decidido para qual país as caixas pretas serão transferidas para decifrar os dados do acidente.
BOEING QUER AJUDAR

O timing da queda do voo PS752 levou a especulações nos meios ocidentais sobre suposta derrubada do avião por um míssil – mas a decolagem ocorreu cinco horas após o ataque do Irã às duas bases dos EUA no Iraque.
Como há cerca de 400 aeronaves de outro modelo do 737 (o Max) aterradas por causa de dois desastres fatais após a decolagem, a Boeing veio a público declarar que estava pronta a “a ajudar de todas as maneiras” e em contato com nossos clientes de companhias aéreas “neste momento difícil”.
O que não impediu que suas ações recuassem 1,1% (depois de já terem despencado 25% nos últimos dez meses). A aeronave que caiu não tem o software derruba-avião MCSA (dispositivo anti-estolagem). Na segunda-feira, o New York Times tinha revelado que as agências de segurança aérea estavam investigando defeitos no Max que que iam além do software, incluindo estrutura e motores.