No primeiro trimestre de 2019, a indústria de transformação ocupava a posição de terceiro maior empregador, atrás dos setores de serviços e de comércio, respondendo por 13% da ocupação total do setor privado.
Segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), de acordo com dados da PNAD Contínua do IBGE, de 10,4 milhões de pessoas empregadas pela indústria de transformação, 6,6 milhões ocupavam uma vaga com carteira assinada, ou seja, 63% do total. No comércio e nos serviços, que são os setores bastante empregadores, esta taxa de formalização é muito menor: 46% e 40%, respectivamente.
“Isso significa que, dentre os setores mais empregadores, é o emprego industrial o mais formalizado”, destaca em sua CARTA IEDI de 5 de julho.
“Assim, quando a indústria cresce, sobretudo seus ramos de maior intensidade tecnológica, ela é capaz de alavancar o emprego formal. Aumentar o número de ocupados com carteira assinada é importante para o dinamismo econômico porque seu rendimento tende a ser maior, mais regular e permite uma melhor inserção no mercado de crédito, já que a relação formal melhora a avaliação de riscos feita pelos credores. Tudo isso potencializa o mercado consumidor do país”, avalia o IEDI.
“Embora a proporção agregada já seja expressiva, em 16 dos 25 ramos manufatureiros ela chega a ser muito superior. É o caso de coque e derivados de petróleo, com 96% do emprego com carteira assinada, farmacêuticos e farmoquímicos, com 95%, e máquinas e equipamentos e fabricação de veículos, reboques e carrocerias, com 94% de emprego formal. Ou seja, a proporção é mais alta em ramos que exigem maior qualificação profissional, tornando estratégica a retenção de funcionários especializados”.
“Neste sentido, outra contribuição positiva da indústria de transformação é o fato de pagar salários cerca de 10% acima da média geral do setor privado. A maioria dos ramos da manufatura, contudo, contam com remunerações com um diferencial positivo ainda mais expressivos: 16 dos 24 ramos praticavam salários maiores que a média do setor privado”.
Para o IEDI, a recessão em 2014-2016 e a economia patinando em 2017-2018 afetaram profundamente o mercado de trabalho industrial, “freando a melhora do quadro do emprego geral no país, como também, por seus aspectos qualitativos, tem funcionado como um entrave para aceleração do PIB”. Tomando como referência o início de 2015, a indústria de transformação permanece com saldo negativo de 1,4 milhão de pessoas.
“O retorno ao vermelho da produção industrial com a passagem de 2018 para 2019 só agrava a situação”, afirma o IEDI.
“Em outros termos, no 1º trim/19 o total de ocupados na manufatura ainda está 12% abaixo em relação ao 1º trim/15. Dentre os ramos com quedas percentuais mais intensas estão outros equipamentos de transporte, exceto veículos (-49%), metalurgia (-32%), coque e derivados de petróleo (-30%), além de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-18%) e máquinas e aparelhos elétricos (-18%), entre outros”.
“O rendimento real de alguns destes ramos com maior redução do emprego também são os que mais longe se encontram dos patamares de início de 2015. Enquanto o rendimento real médio da indústria de transformação registra variação de -2% no 1º trim/19 frente ao 1º trim/15, o nível de queda atinge -24% em outros equipamentos de transporte, exceto veículos, -18% em produtos têxteis, -15% em equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos e -14% em produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos”.