Nadia Campeão, secretária de Organização do PCdoB | Foto: Clécio Almeida

O cenário nacional e as perspectivas políticas reveladas nas últimas eleições foram os temas da análise feita por Nádia Campeão, secretária nacional de Organização do PCdoB, na 4ª Reunião do Comitê Estadual do PCdoB de Minas Gerais. A reunião foi realizada de forma presencial nos dias 29 e 30 de novembro, em Belo Horizonte.

Para Nádia, a ascensão da extrema-direita nos últimos anos não está acompanhada de um projeto de modernização do capitalismo. “Pelo contrário, propõe valores regressivos e se apoia em uma narrativa que rejeita avanços sociais e democráticos. Apesar disso, nossa resistência e a construção de uma ampla frente política garantiram, em 2022, a vitória de Lula em uma eleição extremamente difícil”.

Embora os resultados alcançados pelas forças de esquerda e democráticas tenham sido significativos, ela considera que não há mudança na correlação de forças. “Conseguimos frear o avanço da extrema-direita, mas ainda não alteramos profundamente a estrutura de poder. Estamos em um processo de reacumulação de forças, reconstruindo bases populares e buscando melhorias concretas sem cair no derrotismo. É fundamental reconhecer que há avanços e que o cenário exige organização e mobilização para enfrentar os desafios que persistem”.

Na opinião da dirigente nacional, a centro-direita saiu fortalecida das urnas, mas a extrema-direita, apesar de manter força, sofreu derrotas importantes nos grandes centros urbanos. “Bolsonaro brigou com várias lideranças, criando brechas que podem ser exploradas para ampliar nosso campo político. Além disso, a revelação da conspiração golpista deixa a oposição de extrema direita na defensiva. Precisamos aproveitar essas contradições, porque a direita tenta consolidar figuras como Tarcísio de Freitas, e não podemos permitir que ela articule uma frente ampla contra nós”.

Denunciar a chantagem do mercado financeiro

Nádia chamou atenção para a brutal ofensiva do mercado financeiro contra o governo Lula, no episódio do pacote de cortes de gastos. “O mercado não quer reindustrialização, investimentos em ciência e tecnologia, saúde e educação. Só quer chantagear e especular contra qualquer medida redistributiva, ainda que tímida, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, que vai beneficiar 36 milhões de brasileiros”.

Para ela, todos os indicadores mostram uma economia estável, mas mesmo assim, a pressão por abocanhar o orçamento público é gigantesca. “Com a ajuda do gângster Roberto Campos Neto, que ainda preside o Banco Central, o mercado aumenta os juros sem qualquer lastro na realidade. Imaginem, cada ponto percentual nos juros representa um custo adicional de R$ 38 bilhões no pagamento da dívida pública. É urgente denunciar e enfrentar essa especulação financeira que sufoca o orçamento público’.

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(BL)