Caças furtivos F-22 participaram das manobras dos EUA e da Coreia do Sul

O ministério das Relações Exteriores da República Democrática Popular da Coreia (Norte) advertiu que a insistência nos anunciados exercícios militares conjuntos EUA-Seul “Tongmaeng” (Aliança) em agosto afetará a retomada das conversações, que vinha se desenhando desde o inesperado encontro Donald Trump – Kim Jong Un em Panmunjom, na zona desmilitarizada, no último dia 30 de junho.

As manobras “Tongmaeng” estão programadas para 11 a 20 de agosto, e haviam sido anunciadas em caráter “provisório” em abril, como substituto às anteriores “Ulji Freedom Guardian”, o que agora se quer considerar fato consumado, como denuncia a RPDC, depois de visita no final de junho do chefe interino do Pentágono, Patrick Shanahan a Seul.

A declaração, divulgada pela agência de notícias KCNA, contesta a desculpa dos EUA de que se trataria apenas de uma “simulação” para “verificar a capacidade do exército sul-coreano de receber o comando de operações em tempo de guerra”.

Como rechaça Pyongyang, “é evidente de que é um treinamento de mobilização verdadeiro e ensaio de guerra para ocupar a RPDC mediante ataque de surpresa e a rápida incorporação de enormes contingentes de reforço sob o rótulo de ‘contra-ataque dissuasivo’ em tempo de emergência”.

O comunicado sublinha que o futuro dos exercícios militares conjuntos “foi prometido à vista do mundo inteiro na cúpula de Cingapura pelo presidente Trump, que é a maior autoridade militar dos EUA”. E “reafirmado no encontro bilateral de Panmunjom”, estando presentes também o presidente sul-coreano e o secretário de Estado norte-americano.

A diplomacia norte-coreana assinalou que a decisão da RPDC de suspender os testes nucleares e de mísseis e a dos EUA de parar os exercícios militares conjuntos “não estão estipuladas em nenhum documento, sendo compromissos para a melhoria das relações bilaterais”. Embora, evidentemente, deram a base para a Declaração Conjunta RPDC-EUA.

“Menos de um mês depois da cúpula de Panmunjom”, registra o comunicado, a outra parte “intenta retomar os exercícios militares cuja suspensão foi prometida no nível máximo”. Trata-se, adverte a RPDC, de uma “flagrante violação do espírito central da Declaração Conjunta RPDC-EUA de 12 de Junho”.

A Coreia Popular registrou que está tratando o caso “com precaução” e acrescentou sua insatisfação com os exercícios “Iniciativa de Segurança contra a Proliferação”, realizados com a presença do Japão, Coreia do Sul e outras partes no Pacífico, e com a introdução no sul de “sofisticados apetrechos de guerra” – uma referência à entrega, por Washington, de dois caças furtivos F-35 a Seul.

Na visita de Shanahan a Seul, este afirmou que “Coreia do Sul e EUA estão prontos para fazer frente a todas as ações da Coreia do Norte que desafiem a estabilidade”, para enfatizar a necessidade das manobras “Tongmaeng”.

Como adverte a declaração, o descumprimento unilateral poderá ter como desfecho a perda da motivação da RPDC para se ater à promessa feita ao primeiro. “Qual seria o compromisso ou a lei que deve seguir respeitando unilateralmente uma parte, se a contraparte não os cumpre nem leva em conta?”

Em nota anterior, a introdução dos F-35 em solo coreano havia sido repudiada como um “ato perigosíssimo” agravante da tensão militar, o que ocorre apesar das declarações de Seul em favor da reconciliação e da cooperação intercoreanas. A nota também conclamou as autoridades sul-coreanas a ousarem “se liberar da fatalidade de depender das forças estrangeiras”, o que inevitavelmente acarreta um passo à frente quando há algum indício de melhoria das relações RPDC-EUA e dois passos atrás, em caso de barreiras da Casa Branca.