Khasbulatov, ex-presidente do parlamento, disse que Yeltsin vivia cercado por agentes da CIA

A questão da interferência de governos estrangeiros nos assuntos internos da Rússia mereceu do presidente Vladimir Putin a observação de que nos anos 1990, o governo [de Yeltsin] “fervilhava de agentes da CIA”, como registrou o portal RT, em artigo assinado por Jonny Tickle.

Na década de 1990 e no início de 2000, o governo russo estava fervilhando de funcionários da CIA, que eventualmente tiveram que ser “limpos” e enviados de volta aos Estados Unidos, afirmou Putin, na quinta-feira (9), durante uma reunião do Conselho para a Sociedade Civil e Direitos Humanos.

Interferência que, diga-se de passagem, até mereceu uma capa emblemática da revista Time, com o título “Yankees ao resgate” e caricatura do bebum Yeltsin, quando ele quase perdeu as eleições para os comunistas em 1996.

Mais recentemente, a mídia imperial inverteu a história real e passou a atribuir a derrota da ‘favorita de Wall Street’ Hillary Clinton para o desclassificado bilionário Donald Trump como “interferência russa”.

Fake news que prosperou graças a um relatório falso, encomendado e pago pela campanha dela a um espião britânico, o famoso Dossiê Steele – aquele do “chuveiro dourado” em Moscou.

“No início dos anos 2000, eu já havia eliminado todo mundo, mas em meados dos anos 1990 tínhamos, como mais tarde se descobriu, funcionários da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos como conselheiros e até funcionários oficiais do governo russo”, disse Putin.

“Posteriormente, foram processados nos Estados Unidos por violar a lei americana e participar da privatização enquanto eram funcionários da CIA trabalhando para nós”, afirmou o presidente russo.

De acordo com Putin, alguns especialistas americanos estavam posicionados em instalações de armas nucleares russas e até sentavam-se em uma mesa com uma bandeira dos EUA.

“Eles moravam e trabalhavam lá. Eles não precisavam de instrumentos tão sutis de interferência em nossa vida política porque controlavam tudo de qualquer maneira”, continuou ele.

Esta não é a primeira vez que Putin acusa os Estados Unidos de interferir nos assuntos internos da Rússia, especialmente no período imediatamente posterior à queda da União Soviética e à privatização das estatais, assinala RT.

Em 2013, Putin afirmou que oficiais da CIA trabalhavam na comitiva de Anatoly Chubais, o vice-primeiro-ministro que supervisionou o processo de privatização e mais tarde se tornou chefe de gabinete do Kremlin.

No início deste ano, Ruslan Khasbulatov, o ex-presidente do parlamento da Rússia, afirmou que o primeiro presidente russo, Boris Yeltsin, estava cercado por “centenas” de agentes da CIA que lhe diziam o que fazer durante seu mandato.

Khasbulatov chegou a afirmar que Yeltsin enviou oficiais de segurança e chefes de departamentos aos Estados Unidos para que os americanos pudessem “examiná-los” e “tirar conclusões”.

No dia 8, completaram-se 30 anos da reunião secreta em Belaveja em que Yeltsin e mais dois cúmplices decretaram o fim da União Soviética, passando por cima do resultado do referendo de março daquele ano em que a manutenção da URSS saiu vencedora por mais de 70%. No mesmo dia, Yeltsin por telefone deu a boa nova a George Bush.