Putin: “Pergunte no Oriente Médio se a Otan é uma aliança ‘defensiva’”
O presidente russo Vladimir Putin rechaçou as insistentes alegações – feitas nos últimos tempos principalmente pelo primeiro-ministro festeiro britânico Boris Johnson – de que a Otan é uma aliança “estritamente defensiva”.
Durante a coletiva que se seguiu às quase seis horas de conversações com seu homólogo francês Emmanuel Macron pela segurança e paz na Europa, Putin comentou essas desinteressadas caracterizações da ‘aliança’ capitaneada pelos EUA.
Putin ironizou tais tentativas de engrupir a Rússia, apresentando a Otan como uma organização “pacífica e estritamente defensiva”.
“O quanto isso é verdade, muitos cidadãos no mundo inteiro puderam aprender com a própria experiência. Tenho em mente o Iraque, a Líbia, o Afeganistão e as operações em grande escala contra Belgrado sem a autorização do Conselho de Segurança da ONU. Isso, é claro, foi um empreendimento muito distante do que uma organização pacífica faria.”
Como o líder russo tem apontado, foi a Otan que deslocou seus sistemas de armas ofensivas e tropas “até nossa porta”, não o contrário. “Não somos nós que estamos colocando armas na fronteira do México ou Canadá, mas eles que já as puseram na nossa fronteira”.
O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, reafirmou que, no que depender de Moscou, “não haverá guerra”.
Como destacou o presidente russo, mísseis hipersônicos colocados na Ucrânia teriam tempo de voo até Moscou de 4-5 minutos, implicando em guerra nuclear.
Em dezembro, a Rússia apresentou formalmente aos EUA e à Otan – após telefonema entre Putin e o presidente Joe Biden – propostas para restauração da segurança coletiva e indivisível na Europa, dando fim a qualquer nova expansão a leste da Otan, especialmente quanto à Ucrânia e à Geórgia, retirada dos sistemas de ataque colocados junto às fronteiras russas e volta da Otan às linhas de 1997, quando Rússia e Otan formalizaram o Ato Fundador de suas relações.
Quando da reunificação alemã, Washington prometeu a então União Soviética que não se expandiria “um centímetro” para leste, e desde então foram cinco ondas de expansão.
Na segunda-feira, a reunião Macron-Putin abriu um caminho para, como o líder francês destacou, “congelar o jogo, evitar uma escalada e abrir novas perspectivas”. “Este objetivo para mim está cumprido.”