Putin: “fracassou a blitzkrieg econômica do Ocidente contra Rússia”

Os países ocidentais queriam que o pânico começasse em nossos mercados, o sistema bancário entrasse em colapso e houvesse escassez de mercadorias. Mas esta política fracassou – a blitzkrieg econômica fracassou”, afirmou o presidente russo Vladimir Putin nesta segunda-feira (18), ao se reunir com os principais responsáveis no país pela gestão da economia.

“Fomos capazes de repelir o golpe nas nossas finanças”, de resistir a essa “pressão sem precedentes”, assinalou Putin, acrescentando que a situação está se estabilizando, o dólar voltou aos níveis de fevereiro e a demanda do varejo se normalizou.

Contra a Rússia, por ter lançado sua operação militar especial para desnazificar e desmilitarizar a Ucrânia, impedindo a limpeza étnica iminente contra a população russófona do Donbass e barrando a anexação do país à aliança agressiva Otan, foi lançada a mais brutal campanha de sanções já desencadeada pelos EUA contra qualquer país, prontamente endossada pelos países da União Europeia e outros sabujos.

O que incluiu até mesmo o sequestro das reservas russas em bancos estrangeiros – uma proclamação explícita de que não há qualquer segurança em transações com o dólar -, o desligamento de grande parte dos bancos russos do sistema de pagamentos SWIFT, – e anúncio de drásticas reduções das importações da Rússia.

Putin observou ainda que essas sanções se voltaram contra “os próprios iniciadores”. “Refiro-me ao crescimento da inflação e do desemprego, à deterioração da dinâmica econômica nos Estados Unidos e nos países europeus, à queda do padrão de vida dos europeus, à desvalorização de suas poupanças”.

Superávit na balança externa: US$ 58 bi

Por outro lado, expressando o fracasso dessa política, “o saldo positivo da conta corrente do balanço de pagamentos ultrapassou US$ 58 bilhões de acordo com os resultados do primeiro trimestre, e este é um máximo histórico”, destacou o presidente russo.

Ele acrescentou que o dinheiro em moeda estrangeira retornou ao sistema bancário do país e o volume de depósitos dos cidadãos está crescendo. As decisões tomadas permitiram garantir o abastecimento de mercadorias à rede de varejo e a disponibilidade dos produtos nas lojas.

Putin também anunciou a decisão de indexar todos os pagamentos sociais, pensões e salários dos especialistas empregados no setor público, conforme parâmetros que estão sendo elaborados pelo governo.

Quanto ao fortalecimento da dinâmica econômica e desenvolvimento da indústria, Putin considerou a situação como “estável em geral”, como pode ser julgado, entre outras coisas, “por um indicador como a geração de eletricidade”.

“O número de desempregados oficialmente registrados também está em um nível bastante baixo”, sublinhou. “Ao mesmo tempo, o Estado agora recebe muito dinheiro. Já temos um superávit orçamentário de um trilhão de rublos”, revelou Putin.

Inflação

Putin se dedicou a analisar o impacto das sanções quanto a açular a inflação. “Agora [a inflação] está se estabilizando, mas, ao mesmo tempo, apenas no último mês e meio os preços ao consumidor na Rússia aumentaram acentuadamente – 9,4% e em termos anuais em 8 de abril a inflação era de 17,5%”, disse o chefe de Estado.

“Chamo a atenção dos meus colegas do governo, do Banco Central, são taxas muito altas. As pessoas sentem isso no orçamento familiar, sentem como os preços subiram”. Ele instruiu o Banco Central e o governo a informar sobre as medidas a serem tomadas para lidar com a inflação para evitar a deterioração da condição econômica dos russos.

Recursos públicos

Assinalando que a estabilidade financeira de longo prazo da Rússia deve continuar sendo um objetivo fundamental, Putin chamou a encontrar soluções emergenciais que “precisam ser implementadas exatamente no momento em que a economia mais precisa” e a disponibilizar recursos públicos para apoiar a economia e a liquidez, fazendo frente ao declínio em curso nos empréstimos.

“Esta é a esfera de atuação do Banco Central. O Banco Central já começou a reduzir a taxa básica, o que, é claro, reduzirá ainda mais o custo dos empréstimos na economia”, disse Putin.

Como destacou o jornal Komsomolskaya Pravda, Putin inclusive chamou a “saturar a economia com dinheiro [público]” para sustentar a demanda doméstica.

“Quanto ao orçamento, estou ciente das discussões que estão a decorrer entre o Banco Central e o Governo, no entanto, em face de uma diminuição objetiva do crédito, é claro que o orçamento deve apoiar ativamente a economia, saturar a economia com recursos financeiros e manter sua liquidez”.

Transição para rublos

Putin também instruiu a acelerar a transição para rublos e outras moedas nacionais no comércio exterior. Ele observou que nas novas condições é necessário “avançar aqui em um ritmo muito maior”.

“As restrições que os países hostis impuseram à Rússia afetaram as possibilidades de negócios domésticos, certamente dificultaram a logística de entregas de exportação e importação e criaram obstáculos para o pagamento. É necessário fornecer o máximo de assistência aos empresários na solução desses problemas, inclusive acelerando a transição do comércio exterior para liquidações em rublos e nas moedas nacionais de países que são parceiros comerciais confiáveis”.

Como insistiu Putin, “soluções adicionais são necessárias e precisam ser implementadas exatamente no momento em que a economia mais precisa”. Na reunião, participaram o primeiro-ministro Mikhail Mishustin, a presidente do BC russo, Elvira Nabiullina, e os ministros relevantes da área econômica.

Desde 24 de fevereiro, os EUA e países subalternos impuseram cinco pacotes de sanções – mais de 9.600 – contra autoridades russas também contra bancos, indústrias e empresários russos. A saraivada de sanções logrou no primeiro momento fazer o rublo despencar, no final de fevereiro e início de março, 30% em relação ao dólar americano e ao euro e causou uma interrupção temporária na Bolsa de Valores de Moscou, gerando como primeira resposta a elevação da taxa de juros para 20% e a decretação da obrigação das empresas de vender 80% de suas reservas cambiais para estabilizar a situação.

O rublo começou a se recuperar após o anúncio de Putin em 23 de março, ordenando que os pagamentos do gás russo por “países hostis” (os que estabeleceram sanções contra a Rússia) fossem feitos em rublo, que atualmente está sendo negociado a cerca de 80,6 rublos/USD.