Rússia faz parcerias para aumentar produção da vacina Sputnik V

O presidente russo, Vladimir Putin, conversou por telefone, na segunda-feira (4), com a chanceler alemã, Angela Merkel, sobre a possibilidade de uma “produção conjunta de vacina” contra a Covid-19.

A informação foi veiculada pelo governo russo, segundo o qual a conversa girou em torno de “questões de cooperação na luta contra a pandemia do novo coronavírus” e “a ênfase foi colocada nas possíveis perspectivas de produção conjunta de vacinas”.

“Ficou acordado continuar os contatos sobre este assunto entre os Ministérios da Saúde e outras estruturas especializadas dos dois países”, acrescenta a nota do Kremlin.

A Sputnik V, com a qual já foram vacinados 1,5 milhão de russos, com início da vacinação ainda em dezembro, foi a primeira a pedir registro governamental em todo o mundo e já está sendo aplicada na Argentina, México Bielorrússia e Sérvia. O Instituto Gamaleya, que produz a vacina trabalha para atender a encomenda de mais 5,2 milhões de doses pelo governo boliviano. No Brasil, o Instituto de Tecnologia do Paraná e o Fundo Russo de Investimentos estudam a cooperação para a construção de uma unidade de produção da vacina russa no Brasil.

A Índia deverá ajudar a produzir 100 milhões de doses da Sputnik V e parcerias foram firmadas com a China e a Coreia do Sul. Devido à dimensão dos pedidos, a Rússia busca mais parceiros para atender à demanda pela Sputnik.

Vladimir Putin e Angela Merkel também discutiram a resolução do conflito entre as forças de Kiev e separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, uma questão cujo avanço até agora foi a assinatura de acordos de cessar-fogo em 2015.

A conversa entre Putin e Merkel é um claro desafio às ameaças que empresas europeias estão recebendo por participarem da construção do gasoduto Nord Stream 2, para levar gás russo direto para a Alemanha.

O governo russo tem denunciado a política de sanções ilegais promovida por Trump, no desespero de sabotar o avanço do gasoduto que atravessará o mar Báltico.

Em fase de conclusão, o gasoduto de 1.200 quilômetros de extensão levará até 55 bilhões de metros cúbicos de gás por ano da Rússia para a Alemanha, passando – além dos dois países – por águas territoriais ou zonas econômicas exclusivas da Dinamarca, Finlândia e Suécia.

“Na questão do Nord Stream 2, as sanções são nada mais que uma manifestação de concorrência desleal. Claramente, em nossa opinião, tais passos são frontalmente contrários aos princípios do comércio internacional e, além disso, ao próprio direito internacional”, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, ao final do ano passado. Diante da agressão estadunidense, ressaltou Peskov, “faremos todo o possível para defender nossos interesses e os interesses dos projetos comerciais internacionais”.

Na tentativa de bloquear a construção do estratégico gasoduto – que está prestes a ser finalizada -, o governo norte-americano impôs no ano passado sanções aos empreiteiros responsáveis pela colocação dos tubos de gás. A medida obrigou a empresa suíça Allseas a abandonar as obras quando faltavam apenas 150 quilômetros para a conclusão.

Ao longo da obra, as restrições atingiram mais de 120 companhias no campo da construção naval, engenharia, proteção ambiental e segurança, que estão envolvidas ou estiveram engajadas na empreitada.