Putin condena “implantação de armas no território da Ucrânia que colocam Rússia em perigo"

Nesses chamados à razão, Putin voltou a sublinhar a urgência de iniciar negociações substantivas com os Estados Unidos e a Otan, para a elaboração dessas garantias jurídicas internacionais de segurança de longo prazo para a Rússia “que excluam a expansão da aliança para o leste e a implantação de sistemas de armas que colocam a Rússia em perigo, no território da Ucrânia e de outros países vizinhos”.

“Garantias juridicamente vinculativas”, já que, como tem assinalado Putin, os países ocidentais não honraram seus compromissos verbais (feitos ao então presidente Gorbachov).

Também continua sobre a mesa – e sem resposta – a proposta russa de uma moratória da instalação de mísseis de alcance intermediário na Europa, apresentada após o então governo Trump retirar os EUA do tratado que evitou uma hecatombe nuclear no velho continente.

A Macron, o presidente russo disse ainda que o regime de Kiev está agravando a situação no Donbass [a região do leste em que vivem os falantes de russo], com o deslocamento de armamento pesado e drones proibidos, o que faz com “a permissão silenciosa do Ocidente”.

Ao lado da Alemanha e Rússia, a França é um dos garantidores dos protocolos pela paz de Minsk, sob o chamado Formato Normandia, que inclui ainda a Ucrânia.

Putin exortou os países europeus a pressionarem Kiev para que comece a cumprir suas obrigações sob os Acordos de Minsk para uma solução pacífica [que prevê anistia, aprovação pelo parlamento ucraniano de lei de autonomia e respeito ao idioma russo e eleições].

O regime de Kiev, instalado por um golpe CIA-neonazis em 2014, sistematicamente ignora essas obrigações, persegue opositores e não esconde a pretensão de resolver o diferença pela força.

A mídia imperial e governos ligados à Otan não param de fazer alarido sobre a suposta “ameaça russa” à Ucrânia, quando é Kiev que sonha em “limpar” o Donbass – historicamente terra russa – e promover uma limpeza étnica almejada pelos neonazis.

O próprio Putin já disse que não será permitida uma ‘Srebenica 2’ [massacre ocorrido na antiga Iugoslávia], o que recentemente foi repetido pelo chefe do Estado Maior da Rússia, general Valery Gerasimov.

Além disso, as tropas russas estão sendo deslocadas dentro do território russo, ao contrário dos sistemas de armas que estão sendo trazidos do outro lado do Atlântico, para junto das fronteiras russas. E, ainda, ucranianos e russos têm laços que perduram por séculos, ao contrário do que reza a nova cartilha CIA-neonazis.

Na terça-feira, Putin também conversou com o presidente finlandês, Sauli Niinisto, sobre a urgência dessas negociações Rússia-Otan sobre garantias de segurança para Moscou. O líder russo expressou seu apoio à iniciativa de Niinisto de organizar uma cúpula em 2025 por ocasião do 50º aniversário da Conferência de Helsinque sobre Segurança e Cooperação na Europa.

Pelo conceito de segurança coletiva aprovado ali, a segurança de todos é indivisível, e um país não pode querer aumentar a sua segurança à custa da ameaça sobre o vizinho aumentar.

No final de semana, uma cúpula do G7 em Liverpool emitiu um belicoso comunicado ameaçando a Rússia com “consequências” em caso de “ataque à Ucrânia” – enquanto os países integrantes da Otan não param de realizar provocações tanto no Mar Negro quanto no Báltico.

Além da ameaça de mais sanções e até de exclusão do sistema de pagamentos internacional SWIFT.

Ainda, os EUA acabam de anunciar a reinstalação na Alemanha do comando estratégico que era responsável pelos mísseis intermediários nos anos 1980, crise que só foi afastada pela assinatura do tratado que proibiu esse tipo de míssil – os soviéticos tinham um equivalente – capaz de atingir nuclearmente uma capital europeia em minutos.

Putin recentemente se referiu a que mísseis nucleares posicionados na Ucrânia levariam “cinco minutos de voo” até Moscou ao sistematizar as “linhas vermelhas” russas.

O que explica a rudeza da advertência de Ryabkov, um fino diplomata. “A falta de progresso em uma solução política e diplomática deste problema fará com que nossa resposta seja militar e tecnológica”.

“Não deve haver mais expansão da OTAN”, repetiu, apontando que “manteremos nossa posição. Se nossos oponentes forem contra nós, eles verão que sua segurança não será fortalecida. As consequências para eles serão terríveis.”

Ryabkov disse também que os EUA estão “obcecados com suposta ‘invasão russa da Ucrânia’”, que não existe, “mas aquilo que fazemos em nosso território não lhes diz respeito”.

Ele destacou ainda que na Rússia “vigora uma moratória unilateral [de mísseis intermediários] e apelamos aos EUA e à Otan para se juntarem”, registrando que Washington e Bruxelas não respondem às propostas russas.

Os membros da Aliança Atlântica “atuam como querem e não querem levar em conta os interesses relacionados com a nossa segurança”, disse o vice-ministro, assinalando ainda a falta de seriedade da Otan. “Hoje dizem uma coisa, depois de amanhã outra e dentro de um ano uma terceira coisa’. E, tudo isto, como se fosse a coisa mais natural do mundo”, sublinhou Ryabkov.

Zakharova

Também a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, denunciou o ‘bombeamento’ sem parar de armamentos para a Ucrânia. “Estamos falando de entregas diretas, contratos multimilionários, multibilionários. Estamos falando do envio para lá de combatentes sob o disfarce de instrutores”, afirmou. O novo orçamento do Pentágono destinou US$ 300 milhões para Kiev, enquanto Londres anunciou uma linha de crédito de 1,7 bilhão de libras esterlinas para a Ucrânia comprar navios de guerra e mísseis e para construir uma base naval no mar de Azov. O parlamento ucraniano acaba de aprovar uma lei para autorizar vários exercícios com tropas estrangeiras no seu território no próximo ano.