Ataque a usina nuclear da Ucrânia foi “provocação monstruosa”, diz porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky queria usar um incêndio na usina nuclear de Zaporozhia para fazer o Ocidente impor uma zona de exclusão aérea sobre o país, disse no sábado (5) o ex-primeiro-ministro ucraniano Nikolay Azarov, que serviu no governo do deposto, pelo golpe de 2014, Viktor Yanukovich.

O ex-premiê descreveu o incidente como uma “provocação deliberada” que foi cuidadosamente planejada.

“Nenhum militar russo ou ucraniano em sã consciência ousaria colocar em risco uma das maiores usinas nucleares da Europa, que tem seis reatores”, disse o ex-primeiro-ministro ucraniano.

Azarov então apontou para a reação do presidente Zelensky à notícia – um pedido ao Ocidente para introduzir uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia. “O incêndio ocorreu à noite e ele imediatamente se dirigiu aos Estados Unidos e à Grã-Bretanha. Isso mostra que foi uma provocação planejada”, disse.

Zelensky chegou a postar nas redes sociais que temia uma explosão que seria “o fim para todos. O fim para a Europa. A evacuação da Europa.”

Asseverou, ainda, que a Rússia queria tomar de volta o leste europeu, “até o muro de Berlim”

Na sexta-feira, o secretário-geral Jens Stoltenberg anunciou que a OTAN rejeitou a exigência de Zelensky. “A questão foi discutida e os Aliados concordaram que não deveríamos ter aviões da OTAN operando no espaço aéreo ucraniano ou tropas da NATO no solo porque poderíamos acabar com uma guerra total na Europa”.

Ele acrescentou que “a única forma de implementar uma zona de interdição de voo seria enviando caças da OTAN para o espaço aéreo da Ucrânia e, em seguida, abater aviões russos para o fazer respeitar”.

A reação contrariada de Zelensky ao anúncio foi dizer que quem morrer agora na Ucrânia “morrerá pela fraqueza e falta de unidade” da OTAN.

No sábado, o presidente Vladimir Putin sublinhou que a Rússia considerará co-beligerante qualquer país que tente impor uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia.

“Consideraremos qualquer desenvolvimento nessa direção como uma participação no conflito armado de qualquer país em cujo território seja criada uma ameaça para nossos soldados”, disse Putin.

A declaração de Azarov ecoa a do Ministério da Defesa russo. Na sexta-feira, o major-general Igor Konashenkov disse que um grupo de oficiais da Guarda Nacional Russa foi atacado por sabotadores ucranianos enquanto patrulhava o território da central nuclear de Zaporozhya. Os militares russos repeliram o ataque, mas quando os sabotadores estavam saindo, incendiaram um prédio anexo, disse Konashenkov.

Segundo o porta-voz russo, foi tentada “uma provocação monstruosa”, o que “demonstra a intenção criminosa” de Kiev ou “a perda total do controle do presidente Zelensky sobre as ações de grupos de sabotagem ucranianos com mercenários estrangeiros”.

De acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), não houve liberação de radiação na usina nuclear e os sistemas de segurança dos seis reatores não foram afetados pelo incêndio, que ocorreu fora da usina nuclear, em um prédio usado para instrução.

Em 24 de fevereiro, após pedido de assistência das recém reconhecidas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk (DPR e LPR), a Rússia lançou uma operação especial na Ucrânia, com o objetivo de “desnazificar” e desmilitarizar Kiev, além de proteger os moradores do Donbass. Putin afirmou que a Rússia não planeja ocupar a Ucrânia. Por sua vez Zelensky assevera que se trata de uma invasão e que “não há” neonazis na Ucrânia.