Dezenas de milhares de pessoas levantaram a bandeira chilena ao lado de faixas com o “Fora Piñera” e “Piñera assassino” na volta às ruas e às aula nesta semana, enquanto os carabineiros – a polícia chilena – prendia mais de 300 pessoas e feriu centenas entre segunda-feira e a manhã da quarta (4).

Os manifestantes repudiaram a repressão e a política econômica de arrocho salarial, desemprego e achatamento das pensões e aposentadorias, com os enfrentamentos se estendendo a Antofagasta, Valparaíso, Concepción e à capital, Santiago.

O ministro do Interior, Gonzalo Blumeral parabenizou “a boa estratégia policial”, isto é, a truculência policial, enquanto a popularidade de Piñera está em míseros 6%, como registrou o Centro de Estudos Públicos – a pior de um governo desde o retorno à democracia, em 1990.

Na Praça da Dignidade, local em que os carabineiros fizeram de tudo para impedir os protestos, foram presos numa única noite 283 manifestantes. Os populares reagiram à pancadaria generalizada jogando pedaços de pau, pedras, tijolos e coquetéis molotov nos agressores, ferindo 76 policiais.

Aplaudidos por Piñera, esses mesmos carabineiros foram denunciados em dezembro do ano passado pelas Nações Unidas por “violações de direitos humanos”. Conforme o relatório da ONU, os policiais não fizeram “qualquer distinção entre manifestantes pacíficos e violentos”, tendo sido documentados – até então – 113 casos de tortura e maus-tratos, 24 casos de violação sexual e cerca de 350 pessoas que sofreram ferimentos nos olhos ou no rosto.

Também em dezembro, o Colégio de Químicos, Farmacêuticos e Bioquímicos do Chile divulgou um estudo comprovando a presença de “soda cáustica e gás de pimenta” na água lançada dos caminhões-pipa pelos carabineiros.

Desde outubro do ano passado, quando Piñera chegou a decretar estado de exceção e a colocar blindados nas ruas, pelo menos 31 pessoas morreram, milhares ficaram feridas – mais de 400 tiveram perda de visão total ou parcial em um ou nos dois olhos por impacto de bala ou estilhaço de bombas- e dezenas de milhares foram presas.