Left-wing activists demonstrate calling for a real peace plan and not what they view as the annexation plan of US President Donald Trump, in Tel Aviv on February 1, 2020. Photo by Miriam Alster/Flash90 *** Local Caption *** ????? ???? ???? ????? ????? ?? ???? ????

“Anexação é um desastre, não traz paz, não traz segurança”, entoavam em coro manifestantes israelenses, judeus e árabes, durante ato que reuniu milhares na praça Dizengof, centro de Tel Aviv.  

Entre os que convocaram o ato, ativistas do grupo Paz Agora portavam cartazes afirmando “Plano de Paz, não negócio de Anexação”.

Na abertura do ato foi estendida uma faixa denunciando “Plano de Apartheid”.

Os participantes também denunciaram a parte do plano que transfere aldeias árabes israelenses ao retalhado Estado da Palestina. Ao invés da união natural de palestinos em Israel e na Palestina, a proposta indecorosa de Trump quer forçar a transferência de uma população de mais de 250 mil árabes que vivem a sudeste de Haifa para fora do país.

O plano de Trump, rejeitado pelos palestinos e, por unanimidade, pela Liga Árabe, descarta o direito dos palestinos de retorno a Israel, transforma os assentamentos judaicos construídos sobre terra assaltada aos palestinos em território sob soberania israelense e permite a criação de um Estado da Palestina em apenas 70% da Cisjordânia, com capital na periferia de Jerusalém e, cinicamente, dá em troca partes do deserto de Neguev aos palestinos.

“O plano Trump não é um plano de paz”, afirmou a deputada pelo partido Meretz, Tamar Zandberg, “é uma proposta de anexação, transferência populacional e receita clara para violência e apartheid”.

“É diferente dos Acordos de Oslo, que surgiram de intensas negociações entre árabes e palestinos, com o apoio do premiê Itzhaq Rabin, e não este conjunto de medidas israelenses exclusivas e unilaterais”, esclareceu ainda a deputada.

No mesmo sábado, pela manhã, milhares se reuniram na aldeia árabe israelense de Baka Al Gharbia, também em rechaço ao plano.

O líder da Lista conjunta de partidos árabes, Ayman Odeh, destacou que “ninguém vai tirar a minha cidadania israelense”.

Os manifestantes também denunciam que com seu “negócio do século”, como chamou a sua peça, Trump dá sinal verde a Netanyahu para a anunciada anexação de mais de 30% das terras palestinas, o Vale do Jordão, a Israel.

O líder do partido Meretz, Nitzan Horowitz, denunciou que “a anexação unilateral de território palestino vai destruir todas as chances de paz entre israelenses e palestinos e criar um Estado que não é nem judeu, nem democrático. É o fim do sonho sionista”.

Também se pronunciou a deputada Aida Touma, da Lista Conjunta (de partidos árabes,): “Nós árabes e judeus, juntos, não vamos deixar que esta proposta passe”.

“Está absolutamente claro que o ‘plano’ lançado pelo governo Trump tem zero chance de servir de base para uma renovação diplomática capaz de resolver o conflito Israel-Palestina”, afirma a declaração de uma das principais organizações judaicas norte-americanas, a J-Street.  

“É o ponto culminante de passos repetidos em termos de má-fé com a intenção de validar a agenda da direita israelense, barrar a conquista de uma solução viável, negociada e estável para a solução dos dois Estados, além de buscar impor a anexação de território de forma a tornar permanente a ocupação ilegal da Cisjordânia”, prossegue o documento.

A organização judaica norte-americana destaca que poucos dias antes deste “plano da vergonha” a Câmara dos Deputados dos EUA aprovou uma moção contra a anexação unilateral de território na região. “Afirmando a oposição dos Estados Unidos à expansão dos assentamentos e que qualquer plano viável deve ter o apoio dos EUA a uma solução negociada”.

J-Street também denuncia, em seu documento, que Trump e seu governo estimulam a anexação de território alheio, “em flagrante violação à lei internacional, atropelo dos direitos palestinos, colocando em risco o futuro de Israel enquanto Estado democrático”.

“Descarta décadas de trabalho em prol da paz para favorecer esforços destrutivo que só fortalecerão o conflito Israel-Palestina, dando poder aos extremistas mais perigosos de ambos os lados”, conclui o documento.

Como consequência do plano, desde o início do mês de fevereiro há manifestações com confrontações na Cisjordânia e, nas últimas horas, aconteceram três atentados em Jerusalém. Em um deles um motorista atirou um carro sobre um grupo de soldados israelenses ferindo 12, um deles está em condição crítica.