Manifestantes protestaram nesta terça-feira (14), em frente a Bolsa de Valores de São Paulo, contra a privatização da Eletrobras. Os manifestantes também repudiaram o presidente Jair Bolsonaro, que estava no local, em evento que conclui o processo de venda da maior empresa de energia da América Latina.

Portando faixas e cartazes com os dizeres “Fora Bolsonaro e Guedes”, “Não à privatização da Eletrobras”, e “Querem acabar com nosso patrimônio”, em suas falas, os manifestantes afirmaram que, agora, “a luta é para reestatizar”.

“O Brasil não pode conviver sem uma empresa pública no setor mais importante que é o da infraestrutura”, destacaram os manifestantes.

As lideranças sindicais e dos movimentos sociais denunciaram que uma das consequências mais imediatas para a população com a venda da estatal será o aumento ainda maior da conta de luz.

Segundo estimativas do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), presente na manifestação, com a privatização, “a conta de luz residencial deve aumentar cerca de 20%, além do aumento do risco de apagões e crimes ambientais”.

“A privatização da Eletrobras vai aumentar a nossa conta de luz. E não é só a conta de luz da conta que pagamos na nossa casa. A Eletrobras é a maior empresa de geração e transmissão da América Latina, é início da cadeia produtiva do Brasil. O aumento refletirá na cadeia industrial produtiva, vai acabar com o pouco desenvolvimento que estamos tendo hoje”, afirmou Fabíola Latino, coordenadora do Coletivo Nacional dos Trabalhadores Eletricitários (CNE).

“A Eletrobras pública é garantidora de projetos sociais no Norte, Nordeste e nas regiões mais carentes do país. A privatização, sem dúvida, vai aumentar nossa conta e isso são várias entidades, instituições, pesquisadores e a agência reguladora do setor elétrico que disseram. Mas os estudos que comprovam que esse aumento de tarifa vai vir não foram mostrados à sociedade. E não foram mostrados porque se tivessem (sido) não eram 56% dos brasileiros contra a entrega da Eletrobras, seriam 100% dos brasileiros defendendo a Eletrobras pública, a energia limpa e o desenvolvimento do país”, acrescentou.

“Bolsonaro está vindo para entregar a Eletrobras para a iniciativa privada, essa empresa tão fundamental para a infraestrutura e para possibilitar um Brasil desenvolvido e verdadeiramente soberano. Bolsonaro vem atacando as empresas públicas. Atacou a Petrobras, vendeu refinarias, fatiou a Caixa Econômica Federal nessa mesma B3 e agora quer entregar mais esse patrimônio público. Ele nada fez, desprezou a população, desprezou o povo, e ignorou as pautas dos trabalhadores e trabalhadoras. E agora quer entregar essa empresa fundamental para o Brasil”, disse o diretor executivo do Sindicato dos Bancários Chico Pugliesi, durante o protesto.

Guilherme Boulos, do PSOL e representante do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), também esteve presente no ato. Segundo ele, “nenhum país do mundo abre mão de sua soberania energética: só o Brasil do “patriota” Bolsonaro”, ironizou.