“Racismo e xenofobia estão em todos os lugares, inclusive na Alemanha", diz Sandra Bello, da Organização do Ato.

Manifestantes protestaram no sábado (5) em Berlim, exigindo justiça para o congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, brutalmente assassinado na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. A manifestação solidariza-se com os atos de protesto no Brasil realizados nesta data.

O jovem Moïse foi espancando até a morte no último dia 24 em frente a um quiosque na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Três pessoas foram presas acusadas do crime.

A manifestação realizou-se em frente à embaixada do Brasil. Ativistas e lideranças se revezaram ao microfone para pedir que o crime não caia na impunidade. Eles lembraram que Moïse foi para o Brasil em busca de segurança, mas acabou morto de forma brutal e covarde. Músicas brasileiras foram cantadas, algumas delas com referências ao sofrimento dos negros na história do país.

Sandra Bello, coordenadora do movimento Quilombo Alê Berlim e uma das organizadoras do protesto, disse à revista alemã Deustche Welle – DW que “depois da ascensão do neofascismo no Brasil, com Jair Bolsonaro, parece que se tem uma carta branca para matar os negros. Não dá mais para dizer que são casos isolados. Mas o racismo não começou neste governo. Ele apenas se agravou”, destacou. Bello. Para ela, é importante que o protesto seja realizado também no exterior. “O racismo e a xenofobia estão em todos os lugares, inclusive na Alemanha’,

A cantora Tâmera Vinhas, a Formosa, afirmou à DW Brasil que foi ao ato, sobretudo, para levar sua solidariedade à família de Kabagambe. “Como mulher negra e imigrante, tento usar a minha voz como um ato político também”, disse Vinhas, que cantou algumas músicas durante o protesto. “Esse crime se assemelha muito às práticas da milícia no Rio, onde a brutalidade contra negros é comum. Temos que tomar cuidado para que não haja uma federalização dessa milícia que atua no Rio”, disse Tâmera.

O protesto durou cerca de uma hora e meia. Os manifestantes respeitaram o uso de máscaras, que continua obrigatório nas manifestações na Alemanha. No final do ato, foram distribuídas tulipas e frutas aos participantes.