Simone Sibílio e Leticia Emile saíram da força-tarefa que investiga o crime

Promotoras que investigavam assassinato de Marielle e Anderson saem do caso

Após três anos sem solução, as investigações dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e Anderson Gomes sofreram gravíssimo revés com a saída das promotoras do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) Simone Sibílio e Leticia Emile da força-tarefa que investiga o crime, apontou o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ). Para ele, a situação configura um “retrocesso irreparável”.

“É gravíssima a saída das promotoras Simone Sibilio e Leticia Emile das investigações sobre a execução de Marielle Franco”. As promotoras estavam no caso desde setembro de 2018, ano em que aconteceram as mortes. Elas estavam “realizando um trabalho correto”, seguiu o deputado.

Freixo afirmou que ainda não sabe “as razões das demissões, mas há informações sobre interferências externas nas investigações que podem estar ligadas à delação de Júlia Lotufo, viúva do miliciano Adriano da Nóbrega”.

Júlia foi casada por 10 anos com Adriano, chefe do maior grupo de assassinos profissionais do Rio, e conhece os bastidores do crime organizado no Estado.

“A execução da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes envolve gente muito poderosa e não podem pairar suspeitas sobre interferências nas apurações. O assassinato de Marielle é um crime contra a democracia, e o seu mandante tem que ser identificado”, ressaltou o deputado.

“Qual grupo político é capaz de executar uma vereadora? Quem mandou matar Marielle Franco? E por quê? Essas respostas interessam ao Rio de Janeiro e ao Brasil”, questionou Freixo.

Nós sabemos que existe relação direta entre a saída das promotoras e a delação da viúva do capitão Adriano da Nóbrega dono do escritório do crime e morto na Bahia. Ela ficou casada com ele durante 10 anos e faz uma delação premiada. Quer proteger alguém? Quer realmente entregar?”, questionou Freixo em entrevista ao portal UOL

Em uma transmissão ao vivo no Facebook no sábado, Freixo cobrou explicações do governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, do MPRJ e da Polícia Civil. “O governador Claudio Castro precisa vir a público explicar o que está acontecendo no caso da Marielle, troca do delegado e das duas promotoras é algo muito grave. São mais de 3 anos sem esclarecimentos de uma vereadora brutalmente assassinada. Seus assassinos estão presos mais os seus mandantes nós ainda não sabemos quem são.”

Com a saída tanto das promotoras dos cargos que ocupavam na força-tarefa quanto a do delegado Moisés Santana do caso, Freixo declarou que o governador não entrou em contato com ele nem com a família de Marielle para justificar as mudanças.

Anielle Franco, irmã da ex-vereadora e diretora do Instituto Marielle Franco, também criticou o andamento das investigações. “A gente não tem um dia de paz. Sinto muito pela saída das promotoras! Promotoras essas que eu depositava muita confiança e esperança para que elas ajudassem a resolver o caso da Mari e do Anderson! Agora eu quero saber que interferências são essas! Quem mandou matar minha irmã!??”, afirmou.

Em nota, o Ministério Público confirmou a saída das promotoras. Simone confirmou sua saída à TV Globo que apurou que as duas promotoras saíram por receio e insatisfação com “interferências externas”. O pedido de demissão de ambas ocorreu na mesma semana em que o delegado do caso, Moisés Santana, foi substituído.

Condenação Ronnie Lessa

Ainda no sábado, a Justiça condenou o ex-PM Ronnie Lessa, sua esposa, o cunhado e dois amigos pelo crime de destruição de provas do caso Marielle.

Segundo o Ministério Público, Ronnie, acusado de ser o assassino de Marielle e Anderson, jogaram as armas usadas no crime, no mar da Barra da Tijuca, quase um ano depois da morte da vereadora e do motorista .

A Justiça afirma que entre as armas despejadas estária a submetralhadora utilizada para matar Marielle.

Segundo a investigação, as armas foram retiradas de um apartamento de Ronnie Lessa na Taquara, dias antes da sua prisão, em 2019. As armas nunca foram encontradas.

Ronnie e os outros envolvidos foram condenados a quatro anos de prisão em regime aberto. Como o ex-PM continua respondendo pelo assassinato, ele segue preso na cadeia de segurança máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Os demais responderão em liberdade.