Advogados, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, pilotos de linhas aéreas, convocados por seus órgãos profissionais, se manifestaram em Paris, na segunda-feira (3), contra a reforma da previdência pretendida pelo governo de Emmanuel Macron. Dois meses depois da primeira mobilização nacional, a marcha partiu da Praça da Bastilha e se concentrou diante do Ópera. Também aconteceram protestos em várias outras cidades da França, como em Bordéus e Annecy, onde se uniram advogados e profissionais da saúde. 

Recentemente aumentaram as ações de protesto dos profissionais da Justiça contra a reforma, interrompendo em muitos momentos a atividade dos tribunais.

Olivier Cousi, presidente do Colégio de Advogados de Paris, disse que se tratava de uma mobilização “histórica” de “advogados revoltados”, se somando “a muitos outros setores do povo francês”.

Philippe Martinez, secretário-geral da Central Geral dos Trabalhadores (CGT), entidade que lidera os protestos desde o dia 5 de dezembro, assinalou que “cada vez mais a mobilização joga um papel decisivo para barrar o retrocesso”. “Querem cortar os valores dos benefícios e aumentar para 64 anos a idade mínima para a aposentadoria integral, dois anos a mais do que está em vigor atualmente, o que é um completo acinte”, sublinhou. Além disso, alertou, são políticas neoliberais que buscam arrochar os valores reunindo os diversos critérios de aposentadoria para um regime único.

“Sete de cada dez franceses (70%) acreditam que o movimento de protesto deve continuar, frente a 29% que acha que deve acabar”, segundo uma recente pesquisa de BVA de 25 de janeiro citada pelo jornal Le Point.

No final da tarde, centenas de advogados se reuniram perto do Ministério da Justiça, no centro de Paris, para exigir a renúncia da Ministra de Justiça, Nicole Belloubet.

A mobilização contra a aprovação e implementação do sistema de aposentadorias e pensões que o Presidente Macron pretende impor se estende ao Parlamento. Só a França Insubmissa, partido de Jean-Luc Mélenchon, apresentou 19,000 das 22,000 emendas ao projeto governamental. A avaliação e debate da reforma no Parlamento, artigo por artigo, começou na segunda-feira, 03, em um comitê especial na Assembleia Nacional, onde o Secretário de Estado Laurent Pietraszewski e a Ministra de Solidariedade e Sanidade, Agnès Buzyn, participaram.

A enorme quantidade de emendas e obstruções estão dando um grande trabalho ao comitê de 71 deputados, que corre o risco de não completar o exame dos 65 artigos do projeto de lei ordinário e os cinco do projeto de lei orgânico, apresentados pelo governo, antes de sua chegada ao Plenário do Legislativo em 17 de fevereiro próximo.