Produção industrial nacional recua pelo terceiro mês seguido em abril
Em abril de 2021, a produção industrial brasileira caiu -1,3% frente a março, na série com ajuste sazonal), terceira queda seguida, com perda de 4,4% no período (-1,0% em fev/21; -2,2% em mar/21; -1,3% em abr/21);, divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (2). Com isso, a produção industrial está 1% abaixo do patamar pré-pandemia e 17,6% abaixo do nível recorde de seu pico histórico, registrado em maio de 2011.
“O crescimento da produção industrial já vinha mostrando um arrefecimento desde a segunda metade do ano passado. Com a entrada de 2021, o recrudescimento da pandemia e todos os efeitos que isso traz, o setor industrial mostrou uma diminuição muito evidente de seu ritmo de produção”, afirmou o gerente da pesquisa, André Macedo, afirmado que “com os resultados de fevereiro, março e abril de 2021, o setor industrial está 1% abaixo daquele patamar”.
“Para além da pandemia, há fatores domésticos como o auxílio emergencial menor, desemprego elevado, recorde de desocupação, inflação alta doméstica. Isso explica essa perda de ritmo da produção industrial”, completou Macedo.
A produção recuou em duas das quatro das grandes categorias econômicas e em 18 dos 26 ramos sondados pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM). Entre as atividades mais importantes que apresentaram números negativos estão coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, com queda de -9,5%, e produtos alimentícios, queda de -3,4%.
Outras contribuições negativas vieram de impressão e reprodução de gravações (-34,8%), de produtos de metal (-4,0%), de couro, artigos para viagem e calçados (-8,9%), de celulose, papel e produtos de papel (-2,6%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-5,2%), de produtos têxteis (-5,4%) e de móveis (-6,5%). Entre as oito atividades que apontaram números positivos no mês de abril estão, indústrias extrativas (1,6%), máquinas e equipamentos (2,6%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (1,4%).
Entre as grandes categorias econômicas, as taxas negativas foram registradas em bens de consumo semi e não-duráveis (-0,9%), pelo terceiro mês seguido, acumulando uma queda de 11,7%, e bens intermediários (-0,8%). Entre as altas observadas estão, Bens de Capital (2,9%), e Bens de Consumo duráveis (1,6%).
No acumulado de 12 meses tiveram desempenhos negativos bens de Consumo (-2,7), Duráveis (-5,7), Semiduráveis e não Duráveis (-1,9). Dos que figuraram positivamente neste período estão, Bens Intermediários (3,1) e Bens de Capital (5,1).
O anúncio da queda da produção industrial no mês de abril ocorre após o IBGE ter divulgado o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do país, com uma alta de 1,2% no período entre janeiro e março deste ano, em relação ao trimestre anterior – que foi puxado principalmente pela setor agropecuário e suas exportações, com preços elevados, além do câmbio.
O resultado da atividade econômica, na prática, pouco influencia para modificar o quadro de uma economia que oscila no fundo do poço, com o desemprego em nível recorde no país – já que foram constatadas mais de 14,8 milhões de pessoas desempregadas no primeiro trimestre de 2021 – e com a fome assombrando as famílias brasileiras, que estão vendo o seu poder de compra ser consumido pela carestia dos preços dos alimentos, além dos combustíveis, gás de cozinha e demais preços que são administrados pelo próprio governo, como a conta de luz.
Entre os indicadores do PIB apresentado pelo IBGE, que o governo, principalmente o ministro da Economia, Paulo Guedes, e demais aves de rapina do chamado “mercado” fazem questão de colocar para debaixo do tapete, é o resultado do acumulado dos últimos 12 meses, que demonstra que a economia brasileira recuou -3,8%, na comparação com o mesmo período de 2020.
Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), o resultado do PIB no primeiro trimestre “tem mais a ver com o sucesso do combate da pandemia no restante do mundo do que propriamente no Brasil”.
“Sinal disso é que foi o eixo primário-exportador, com seus desdobramentos positivos sobre o setor de transportes e investimento, quem puxou o crescimento econômico neste início de ano. O mercado doméstico evoluiu pouco”, criticou o instituto, destacando que no período “o consumo das famílias ficou no vermelho: -0,1%, refreando o resultado dos serviços (+0,4%) e contribuindo para o declínio da indústria de transformação (-0,5%)”.