A produção industrial do país acumula queda de 6,3% em 2020 até outubro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (02). Ao contrário da pretensa “recuperação pós-pandemia” fantasiada pela equipe econômica do governo federal, os dados mostram que o país ainda está longe de superar a crise – apesar da flexibilização das medidas de isolamento.

O IBGE apurou que na passagem de setembro para outubro, a produção física industrial brasileira teve variação positiva de apenas 1,1% – o que representa uma desaceleração em relação aos meses anteriores, após altas em maio (8,7%), junho (9,6%), julho (8,6%), agosto (3,4%) e setembro (2,8%). Além de ser a menor taxa em cinco meses, também foi o mês em que menos setores tiveram resultados positivos.

Em 12 meses, o IBGE apurou que as perdas foram de 5,6%.

André Macedo, gerente da pesquisa pelo IBGE, afirmou que o corte no auxílio emergencial “impacta no consumo e, claro, reflete na produção industrial”. Mas, é o desemprego o principal influência de desaceleração e queda anual.

“Qualquer tipo de manutenção desse crescimento ou aceleração da produção passa claramente pela demanda doméstica, especialmente quando a gente considera o mercado de trabalho. Ainda temos um contingente grande de trabalhadores fora desse mercado, o que é um fator limitador para resultados positivos na indústria”, enfatizou.

De acordo com o IBGE, no acumulado do ano até outubro apenas seis dos 26 ramos pesquisados acumulam alta. Os principais impactos negativos sido puxada vem da menor produção de veículos automotores, reboques e carrocerias (-34,4%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-29,1%), metalurgia (-11,2%), e máquinas e equipamentos (-9,4%).

“No acumulado no ano, destacam-se as quedas em bens de consumo duráveis (-24,6), pressionados pela redução na fabricação de automóveis (-40,4%), e para bens de capital (-15,6%), impactados pela queda em equipamentos de transporte (-29,2%) e para fins industriais (-10,1%)”, destaca o IBGE.

Para a variação mensal, o destaque foi a queda de 2,8% no ramo de produtos alimentícios. Também contribuíram negativamente para o resultado de outubro o setor de Indústrias extrativas (-2,4%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,2%), produtos do fumo (-18,7%) e outros produtos químicos (-2,3%).