Embora a produção industrial tenha registrado variação positiva de 1,2% de outubro para novembro do ano passado, os resultados dos últimos meses não foram suficientes para recuperar as perdas do ano – agora acumuladas em -5,5%.

De acordo com os dados da produção física de novembro divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (8), a indústria também acumulou em 12 meses uma queda de -5,6%, além de se encontrar 13,9% abaixo do pico registrado em 2011.

Sofrendo os efeitos da pandemia, que chegou em um momento em que a economia do país já não andava bem, o setor industrial teve resultados negativos em todas as quatro categorias econômicas, em 20 dos 26 ramos pesquisados e em 59 dos 79 grupos no acumulado do ano.

As maiores quedas nas grandes categorias foram registradas em bens de consumo duráveis (-22%) e de bens de capital (-13,1%). Bem de consumo (-9,9%) e bens intermediários (-1,8%) completaram o quadro desolador para o setor produtivo.

Entre os setores, um dos destaques é a queda na produção de veículos que, nos 11 meses até novembro, registraram queda da ordem de -31,5%. Além disso, os ramos de confecção de vestuário (-26,2%), metalurgia (-9,8%), indústrias extrativas (-3,2%), couro e calçados (-21,5%) e máquinas e equipamentos (-7,1%) também sofreram amargamente as consequências da pandemia e da ausência de política econômica de recuperação por parte do governo Bolsonaro.

A situação da indústria se desdobra no problema do desemprego no país, que já atinge mais de 14 milhões de pessoas segundo dados do IBGE. O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) aponta que o setor produtivo perdeu 1,3 milhão de postos de trabalho entre o terceiro trimestre de 2019 e o mesmo período de 2020, representando mais de 10% de redução.

Dos 24 ramos da indústria de transformação analisados, por exemplo, a ocupação diminuiu em 22 deles nesse período.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que o PIB (Produto Interno Bruto) da indústria termine o ano com retração, ainda otimista, de -3,5%. Embora a entidade espere que o setor volte a crescer em 2021, o desemprego atingindo níveis recordes e a negligência do governo Bolsonaro com o programa de vacinação contra a Covid-19 ainda fazem com que o cenário seja obscuro e incerto.