Produção industrial brasileira em maio varia 0,3% e no ano recua 2,6%
Sem estímulos econômicos e sufocada pela alta dos preços e dos juros, a produção industrial brasileira variou 0,3% em maio, na comparação com abril, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (5).
Os quatro meses de fevereiro a maio patinando em torno de zero (0,7%; 0,6%; 0,2% e 0,3%, respectivamente) não foram suficientes para recuperar a perda de 1,9% em janeiro. No ano, a indústria acumula queda de 2,6% e, em 12 meses, de 1,9%.
Com esses resultados, o setor industrial se encontra 1,1% abaixo do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 17,6% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.
Sob o desgoverno Bolsonaro – que não tem política industrial, reduziu os investimentos públicos ao menor patamar dos últimos 50 anos e arrochou o salário dos trabalhadores – não há indústria que aguente. Entre os fatores que agravam a situação da indústria, o IBGE destaca a “inflação em patamares mais elevados reduzindo a renda das famílias, taxa de juros alta encarecendo o crédito e o mercado de trabalho que ainda permanece com a característica de uma massa de rendimentos que não mostra avanço”.
Os juros ao setor produtivo e às famílias brasileiras são os mais altos do mundo, o desemprego atinge mais de 10 milhões de brasileiros, sendo mais 30 milhões no trabalho precário, e a renda caiu 7,2% nos últimos 12 meses.
No acumulado do ano, todas as categorias apresentaram resultados negativos – bens intermediários (-2,1%), bens de capital (-1,1%), bens de consumo duráveis (-14,1%) e bens de consumo semi e não duráveis (-1,5%) -, 19 dos 26 ramos, 57 dos 79 grupos e 62,1% dos 805 produtos pesquisados.
Bens intermediários, categoria que representa 55% da indústria, ou seja, tem o maior peso no setor como um todo, apresentaram perda de -1,3% na passagem entre abril e maio. Na comparação anual, a atividade de bens intermediários recuou 0,9%, com destaque para metalurgia (-5,5%), insumos para a construção civil (-4,5%) e o setor alimentício (-4,6%).
Para o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), “a moderação das taxas recentes de crescimento conseguiu apenas levar o setor de volta para o nível de produção de dezembro de 2021, mal compensando o recuo de janeiro último. Seguiu-se abaixo do patamar pré-pandemia, tanto a indústria como um todo (-1,1% ante fev/20), como 50% de seus ramos”.