A produção industrial brasileira encolheu – 0,3% em julho 2019, na comparação com o mês anterior, e acumula queda no ano de – 1,7%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na terça-feira (3).
É a terceira queda consecutiva do setor e o pior resultado para os meses de julho desde 2015, quando caiu menos 1,5%, representando uma perda acumulada de -1,2%.
Frente à queda no consumo, desemprego e informalidade em alta, e retração nos investimentos públicos, a atividade industrial apresentou dados negativos em todos os períodos pesquisados pelo IBGE, na série dessazonalizada, que exclui os efeitos das variações mensais. Na comparação com julho do ano passado, o desastre foi ainda maior: -2,5%. Já o acumulado no ano (-1,7%) apresentou aceleração em relação ao resultado do primeiro semestre (-1,5%).
“Dos sete meses do ano sobre os quais já temos estatísticas oficiais, apenas dois deles asseguraram algum avanço para a indústria: fevereiro e abril, quando houve crescimento de +0,6% e +0,3%, respectivamente, na série com ajuste sazonal. Em todos os demais, a produção industrial retrocedeu. A resultante é que no acumulado de 2019 até julho a queda chega a -1,7% frente a igual período do ano anterior, ampliando os riscos de o ano terminar com um desempenho desfavorável”, afirmou o IEDI (Instituto de Estudos Para o Desenvolvimento Industrial).
O IEDI alerta que o que vem puxando a queda da indústria em geral é a indústria de transformação. Enquanto a Indústria geral caiu -0,1% em mai/19, -0,7% em jun/19 e -0,3% em jul/19, a Indústria de transformação recuou -0,8%; -0,9% e -0,5%, respectivamente. No período, a Indústria extrativa mineral ficou positiva: +9,0%; +2,6% e +6,0%, respectivamente.
Com o resultado de julho, a produção industrial no Brasil segue no nível de janeiro de 2009 – 18,3% abaixo do pico mais alto do indicador, registrado em maio de 2011. “Se lembrarmos o final de 2008, muito marcado pela crise internacional, a indústria brasileira estava em um patamar muito baixo de produção. Com esse resultado de julho, a gente retroage àquele contexto”, destacou o gerente da pesquisa, André Macedo.
No mês de julho em relação a junho, a produção industrial desabou em 11 ramos de 26 atividades pesquisadas, com destaque para Bebidas (-4,0%), Equipamentos de Informática, produtos eletrônicos e ópticos (-3,3%), outros produtos químicos (-2,6%), Máquinas, aparelhos e materiais elétricos ( -2,6%), Impressão e reprodução de gravações (-2,4%), Produtos de madeira (-2,2%), Produtos têxteis (-1,3%), Produtos diversos (-1,1%) e Produtos alimentícios (-1 %).
“No caso de alimentos, é a terceira queda seguida e isso guarda uma relação com a parte relacionada ao açúcar, cuja produção tem sido direcionada mais para a produção de etanol, por exemplo, e isso traz impactos negativos para o setor de alimentos”, destacou Macedo. O segmento acumula queda de -3,3% no período.
Entre as grandes categorias econômicas, Bens intermediários e Bens de capital apresentaram quedas na produção para o mesmo período analisado, -0,5% e -0,3%, respectivamente. O IBGE aponta que esses segmentos da indústria marcaram o segundo mês consecutivo de queda, acumulando nesse período uma redução de -1,0% e -0,6%.
No acumulado ano de 2019, a indústria brasileira teve quedas em uma das quatro grandes categorias econômicas, Bens Intermediários (-3,0%), e encolheu em 14 dos 26 atividades pesquisadas: indústrias extrativas (-12,1%), Coque, produtos derivados. do petróleo e biocombustível (-1,4%), de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-9,8%), de outros equipamentos de transporte (-11,4%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-4,7%), de celulose, papel e produtos de papel (-2,5%), de produtos de borracha e de material plástico (-1,9%) e de produtos de madeira (-5,5%), entre outras.
“De uma forma geral, os fatores que vem explicando os fatores da menor intensidade da produção industrial, especialmente desde o início do segundo semestre de 2018, permanecem na nossa análise. Isso passa por uma demanda doméstica que prossegue enfraquecida, com o mercado de trabalho com contingente fora dele, nível de incerteza ainda elevado o que faz com que famílias e empresas adiem suas decisões de consumo e investimento, além do mercado externo sem nenhum sinal de recuperação recente no caso de parceiros importantes, como a Argentina, por exemplo”, destacou Macedo.