Sinproquim/Divulgação

A produção de químicos para uso industrial recuou 4,24% de janeiro a setembro deste ano, na comparação com o mesmo período de 2018. Ao divulgar os resultados do terceiro trimestre, na sexta-feira (1º), a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) afirma que esse é o pior desempenho dos últimos 10 anos.
Neste mesmo período, as vendas internas tiveram queda de 2,11% e o consumo aparente nacional (CAN) apresentou declínio de 7,4%. “Em termos de produção, a média dos três trimestres deste ano é a pior dos últimos dez anos”, afirma a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira.
No acumulado do ano, a utilização da capacidade instalada ficou sete pontos abaixo do índice registrado em igual período de 2018, levando a ociosidade ao patamar recorde de 30%.
“O nível é inadequado para os padrões de produção em regime de processo contínuo do setor químico e a ociosidade crescente preocupa as empresas, pois impõe custos unitários por tonelada produzida cada vez maiores, piorando a relação de competitividade nacional com o produto importado”, explica a diretora.
O volume de importações dos produtos, todos com fabricação local, cresceu 43,9% de julho a setembro, em relação ao 2º trimestre do ano, “o que representa um crescimento quase 18 vezes maior do que aquele registrado na variável produção local”.
“Na comparação com o 3º trimestre de 2018, também houve alta, de 5,4%. De janeiro a setembro deste ano, o volume importado teve acréscimo de 7,5%, ocupando uma fatia de 41% de toda a demanda local, novo recorde do setor”, destacou Coviello.
O quadro da indústria de químicos pode se agravar ainda mais com a proposta do ministro da economia, Paulo Guedes, de um corte acima de 50% nas tarifas de importação de diversos produtos, entre os quais uma grande quantidade de químicos que já são fabricados no Brasil.
Dados preliminares da Abiquim apontam que, caso seja implementada essa proposta, a participação dos produtos químicos de uso industrial importados ocupará 60% na demanda brasileira.
Com a ociosidade no nível que se encontra hoje, a Abiquim alerta que uma nova queda pode provocar o fechamento de fábricas. Segundo Coviello, sem a diminuição, a curto prazo, nos custos de insumos básicos (como gás e energia) e da oferta de matérias-primas petroquímicas, a abertura comercial unilateral “pode ser considerada um desastre para a indústria e levar o setor a fazer desinvestimentos, uma vez que não há, no momento, gordura a ser queimada e a indústria já opera no menor nível de eficiência operacional”, alertou a executiva.