Pró-Washington são derrotados em eleições na Sérvia e Hungria
Nas eleições tanto na Sérvia, quanto na Hungria, ambas no domingo (03), saíram derrotados os candidatos adeptos da anexação à Otan e à adesão à russofobia que, engendrada na Casa Branca, acabou contaminando a maior parte da União Europeia.
Na Sérvia, o presidente Aleksandar Vucic, do Partido Progressista Sérvio, foi reeleito por larga margem – 60% – e no primeiro turno, para um novo mandato de cinco anos.
A Sérvia não aderiu às sanções norte-americanas contra a Rússia, decretadas por Washington, e se recusa a ingressar na Otan que, aliás, bombardeou ilegalmente o país em 1999 por 78 dias, matando milhares de civis, no processo de esquartejamento da Iugoslávia.
O candidato pró-americano, Zdravko Ponos, da Aliança pela Vitória da Sérvia, teve de se contentar com 18%. A participação na eleição chegou a 58%.
Falando após votar em Belgrado, Vucic disse esperar que a Sérvia continue no caminho da “estabilidade, tranquilidade e paz”. Em seu primeiro mandato, Vucic desenvolveu laços estreitos com a Rússia e a China, e manteve também boas relações com o presidente francês Emmanuel Macron.
Como assinalou o blogueiro russo ‘colonel cassad’, Vucic, após a vitória, “já traçou o vetor de desenvolvimento da Sérvia: Não se junte à Otan, seja amigo da Rússia, receba gás da Rússia”.
Budapeste
Na Hungria, o primeiro-ministro Viktor Orban venceu sua quarta eleição com seu partido novamente conquistando uma maioria de dois terços, apesar do empenho da oposição pró-americana, que marchou sob uma candidatura única, em vão.
Apesar de a Hungria fazer parte da União Europeia e da Otan, Orban tem se recusado a aderir às sanções contra a Rússia, tem excelente relação com o presidente russo Vladimir Putin, e transformou a campanha em um referendo contra a guerra e pela paz.
Durante semanas, a mídia ocidental asseverou que a eleição seria “um referendo” sobre a política de Orban em relação à Rússia. Bem, acabou sendo, mas não exatamente da forma que haviam vaticinado.
Nas eleições anteriores, o foco de Orban havia sido as questões sociais e culturais, sob um prisma conservador, mas mudou drasticamente o tom de sua campanha após a operação russa de fevereiro para desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia.
Orban passou a retratar a eleição desde então como uma escolha entre paz e estabilidade ou guerra e caos. Recusou-se a transferir armamento ou até mesmo a passagem pelo território húngaro de armamento entregue pela Otan ao regime de Kiev – que, aliás, mantém uma política de perseguição à minoria húngara da Ucrânia, como parte de sua concepção nazista de “ucranianos racialmente puros”.
Enquanto a oposição pró-americana exigia envolver a Hungria no suporte ao projeto da Otan para a vizinha Ucrânia e na demonização de tudo que é russo, a começar por Putin, Orban insistiu que a Hungria permaneça neutra e mantenha seus laços econômicos estreitos com Moscou, incluindo a continuidade importar gás e petróleo russos em condições favoráveis.
“Não se trata de vestir um suéter à noite e reduzir um pouco o aquecimento ou pagar alguns forints a mais pelo gás, mas do fato de que, se não houver fontes de energia da Rússia, não haverá energia na Hungria”, disse Orban.
Em seu último comício de campanha na sexta-feira, Orban afirmou que fornecer armas à Ucrânia – algo que a Hungria, sozinha entre os vizinhos da Ucrânia na UE, se recusou a fazer – tornaria o país um alvo militar e que sancionar as importações de energia russa paralisaria a própria economia da Hungria.
“Esta não é a nossa guerra, temos que ficar de fora”, disse Orban.
A Hungria também está implantando uma nova usina nuclear em conjunto com a estatal russa Rosatom.