Após oito meses, a advogada Stella Moris consegue visitar o marido com os filhos

A manutenção da prisão de Julian Assange, fundador do WikiLeaks – o mais famoso portal de denúncias do mundo -, “é uma situação completamente intolerável e grotesca e não pode continuar assim”, afirmou Stella Moris, esposa do jornalista e advogada. “A única medida lógica que Biden pode tomar é abandonar todas as acusações”, exige Stella.

Acompanhada dos dois filhos do casal, Gabriel (4) e Max (2), Stella conseguiu pela primeira vez, em oito meses, se encontrar com o marido no presídio de segurança máxima de Belmarsh – reconhecido como a “Guantánamo britânica”. Embora tenha tido o pedido de extradição para os Estados Unidos negado pela Justiça do Reino Unido em janeiro, o ativista segue injustamente detido, ressaltou a advogada.

Em entrevista ao tabloide local Evening Standard, Stella disse que a restrição de visitas é mais uma, entre as inúmeras e reiteradas violações aos direitos humanos de Assange ao longo de mais de uma década. “Eles o estão empurrando para o desespero e a depressão profunda. Ele está feliz por ver os filhos, mas está sofrendo”, relatou.

A presença dos familiares coincidiu com o nono aniversário da entrada do fundador do WikiLeaks na embaixada equatoriana de Londres, onde esteve refugiado entre agosto de 2012 e abril de 2019, quando o então presidente Moreno lhe cassou a cidadania e retirou os direitos concedidos por Rafael Correa como “refugiado político”.

Frente às ameaças de extradição, o WikiLeaks voltou a solicitar no início do ano que as autoridades norte-americanas retirem as acusações contra seu fundador. Assange está ameaçado com até 175 anos de prisão por ter trazido a público mais de 700.000 documentos secretos sobre as atividades militares e diplomáticas que expunham as minúcias dos crimes de guerra dos EUA no Iraque e no Afeganistão.

Entre os inúmeros vídeos divulgados dos arquivos do Pentágono encontram-se os do assassinato, por um helicóptero Apache, de uma dezena de civis em Bagdá, inclusive dois jornalistas da Reuters, e de um pai que levava os filhos para a escola e parou para socorrer as vítimas.