Porta-voz do Palácio de Buckingham declarou que a rainha Elizabeth não irá interferir pela libertação de Julian Assange em razão de Sua Majestade permanecer “estritamente não política em todos os momentos” e, portanto, a detenção de Assange não é um assunto em que “a rainha intervenha”.
A declaração – que aparentemente confirma que a prisão de Assange é uma questão política, não criminal – foi postada em resposta à carta do ativista Chris Lonsdale à rainha, pedindo a libertação do jornalista da prisão de segurança máxima de Belmarsh “incondicionalmente”, no espírito de “justiça, paz e imparcialidade”.
O autor da carta, Lonsdale, destacou que a resposta basicamente diz que a rainha não pode intervir em questões que são “políticas”, e sugeriu que essa admissão seja usado no tribunal.
Depois de ter sido arrancado da embaixada do Equador, condenado em 15 minutos a 52 semanas de prisão por violar fiança em um caso de asilo em uma embaixada por perseguição política – o que o isentaria pela lei internacional -, Assange continua preso na chamada ‘Guantánamo” britânica, e só recentemente saiu do regime de solitária, depois de apelações de seus advogados e protestos dos presos.
O regime Trump tenta tornar a cabeça de Assange um trunfo para sua reeleição, por ele ter exposto os crimes de guerra dos EUA no Iraque e Afeganistão, a mais famosa denúncia sendo o vídeo ‘Assassinato Colateral’, que mostra um helicóptero Apache metralhando civis em Bagdá e, logo em seguinte, um homem, a caminho de levar os filhos para a escola, que parara para socorrer as vítimas. Denúncia que acabou compartilhada pelos principais jornais e tevês do mundo.
Apesar do crime de guerra mostrado no vídeo, que é do próprio Pentágono, não são os assassinos no helicóptero, ou quem deu a ordem do massacre no comando, que foram a julgamento, como exigiria a jurisprudência do Tribunal de Nuremberg, e sim quem mostrou o crime, Assange, acusado por isso de “espionagem” e sujeito a 175 anos de cadeia ou coisa pior.
Após uma visita a Assange em maio, o relator da ONU sobre tortura, Nils Melzer, afirmou que o ex-editor do WikiLeaks mostrava “todos os sintomas típicos da exposição prolongada à tortura psicológica” e advertiu que se fosse extraditado para os EUA estaria sob risco real de “violações graves de seus direitos humanos … incluindo tortura e outros tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes” .
“Em 20 anos de trabalho com vítimas de guerra, violência e perseguição política, nunca vi um grupo de Estados democráticos se unindo para deliberadamente isolar, demonizar e abusar de um único indivíduo por tanto tempo e com tão pouca consideração pela dignidade humana e o estado de direito ”, disse Melzer. “A perseguição coletiva de Julian Assange deve terminar aqui e agora!”
Recente entrevista de Melzer elucidou como promotores suecos fabricaram uma acusação de estupro contra Assange, inclusive reescrevendo o depoimento da vítima que se recusava a endossar a mentira e só queria um teste anti-Aids. Durante nove anos e meio, esses promotores – ligados aos esquemas da CIA que sequestraram asilados em Estocolmo e os torturaram – mantiveram a farsa de uma ‘investigação preliminar’ sem acusação ou indiciamento. Quando, sob pressão da Corte Suprema sueca, quiseram recuar, os promotores britânicos, que integravam a fraude, por e-mail exigiram: “não vão amarelar agora”.
Não se sabe se a questão de Assange chegou a ser realmente levada a rainha, ultimamente muito ocupada com os escândalos na real família, como o filho pedófilo ou muito amigo de pedófilo, e o neto recalcitrante.
Como Assange é australiano, há o agravante de a rainha lavar as mãos sobre deportar um súdito seu só para satisfazer o regime Trump. Como alguém poderia dizer, não é nada de pessoal, apenas negócios.