Primeiro navio com grãos sai do porto ucraniano com destino ao Líbano
O primeiro navio com grãos saiu do porto de Odessa, na segunda-feira (1º/8), como resultado inicial de acordo firmado entre a Rússia e a Ucrânia, com mediação da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Turquia.
O navio está transportando 26.527 toneladas de milho em direção ao Líbano, com parada para inspeção em Istambul, na Turquia. Outros 16 estão aguardando para deixar o porto com carregamentos.
As exportações ucranianas de grãos pelo Mar Negro estavam paralisadas desde o começo da guerra, quando o seu próprio exército usou minas marítimas para impedir a chegada e saída de navios.
O acordo para que os navios pudessem levar os grãos para fora da Ucrânia foi fechado em julho, em Istambul, após reunião conjunta entre Rússia, Ucrânia, ONU e Turquia.
A Turquia está servindo de base para o centro de operações que está coordenando e inspecionando a exportação de grãos através dos portos ucranianos. A base está em contato direto com representantes de Moscou e de Kiev.
O acordo inclui um “corredor humanitário marítimo” que possibilita a chegada e a saída de navios. Além disso, aponta como responsabilidade da Ucrânia a desminagem dos portos, já que foi ela própria quem colocou as bombas.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que a saída do primeiro navio com as mais de 26 mil toneladas de milho é um “começo importante”.
“O navio que parte de Odesa hoje deve ser o primeiro de muitos navios comerciais trazendo alívio aos mercados globais de alimentos e esperança para milhões de pessoas em todo o mundo que dependem do bom funcionamento dos portos da Ucrânia para alimentar suas famílias”.
A expectativa é que a exportação atinja 3,5 milhões de toneladas por mês.
O ministro da Infraestrutura da Ucrânia, Oleksandr Kubrakov, confirmou a saída do navio. “Graças ao apoio de todos os nossos países parceiros e da ONU, conseguimos implementar totalmente o acordo assinado em Istambul”.
A Rússia aproveitou a discussão sobre a exportação de grãos através de portos controlados por ela para demonstrar que está disposta a negociar o fim da guerra, mas a Ucrânia resiste em sentar à mesa.
“Nunca nos recusamos a negociar, porque todos sabem bem: combates devem acabar à mesa de negociações. Mas ainda falta a resposta de Kiev”, afirmou o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.
Pouco depois do começo da guerra, a Ucrânia chegou a iniciar algumas negociações, mas logo parou de responder a Rússia. Segundo Lavrov, “os EUA, o Reino Unido e uma série de países europeus proibiram os ucranianos de chegar a acordo conosco”.