Preso trumpista por tentativa de assassinato de policial no Capitólio
Foi preso o invasor do Capitólio Peter Francis Stager, do Arkansas, que no dia 6 encabeçou o espancamento do policial Michael Fanone com o mastro de uma bandeira, acompanhado por outros arruaceiros que Trump instigara a impedir a homologação, pelo Congresso dos EUA, da vitória do oposicionista Joe Biden.
A cena do linchamento do policial caído foi uma das de maior repercussão no noticiário, já que os trumpistas vivem exaltando que “vidas azuis [a cor do uniforme policial] importam”. Mais de 2,5 milhões de visualisações.
Ajudou na identificação de Stager a declaração que deu ao The Telegraph, 26 minutos após quase matar o policial caído, registrada em vídeo, em que diz que o prédio do Congresso está cheio de “traidores traiçoeiros”, e que o único remédio para isso é “só matando”.
Outra figura de destaque no assalto trumpista, a do elemento que desfilou pelo Congresso dos EUA com a bandeira dos confederados e da escravidão, Kevin Seegfried, foi preso em Delaware na quinta-feira, assim como seu filho Hunter, que o acompanhava na invasão do Capitólio.
Eric Munchell, o homem trajando uma roupa de camuflagem e portando amarras de plástico com ziper usadas para fazer prisioneiros, também foi capturado em Nashville.
O policial Fanone relatou à CNN como, caído, atordoado e ferido, tentou resistir como pôde, enquanto recebia vários choques de tasers na nuca, sofria novos golpes, tinha o rádio, o distintivo e pentes de munição arrancados, enquanto ouvia gritos de “matem-no com sua própria arma”.
Fanone, que é da Narcóticos da Polícia Metropolitana, não da Polícia do Capitólio, e tinha acorrido em socorro assim que soube da invasão, em um determinado momento conseguiu dizer “eu tenho filhos”, e isso acabou por paralisar uma parte da turba, propiciando tempo para ser resgatado por outro oficial, seu parceiro.
Ainda segundo Fanone, era difícil oferecer resistência “quando a gente tinha apenas 30 homens contra 15 mil”. Ele relatou que os defensores do Capitólio eram atacados com sprays de irritantes químicos. Os invasores tinham bombas caseiras e diferentes objetos de metal, cacetetes, alguns dos quais tirados dos policiais. “Atacavam a gente com isso”, disse o policial, acrescentando que não podia ficar sentado em uma mesa enquanto o Capitólio estava sob ataque.
Outro policial cuja imagem foi mostrada tentando barrar a escória trumpista foi patrulheiro da polícia metropolitana, Daniel Hodges, em cenas em que aparece sendo esmagado em uma porta atacada pela turba, com sangue escorrendo pelos dentes, mal conseguindo respirar e que grita por socorro.
“Tinha um cara arrancando minha máscara, ele conseguiu puxar meu cassetete e me bater com ele”, disse Hodges, que estava preso na porta e acrescentou que seu braço foi torcido antes de arrancarem a arma. O atacante “espumava pela boca”.
Hodges acabou resgatado por outros policiais que vieram em seu auxílio. “A gente sabia que as coisas estavam ruins”, contou Hodges, que milagrosamente saiu andando sem ferimentos graves. Seus companheiros conseguiram, afinal, resgatá-lo. Era a primeira visita de Hodges ao prédio do Capitólio.
O policial disse que os invasores achavam que era obrigação da polícia lhes dar guarida no ataque ao Capitólio.
“Alguns deles sentiram que seríamos amigos rapidamente porque muitos têm falado abertamente sobre isso”, disse Hodges. “Eles dizem coisas como, ‘sim, temos apoiado vocês em toda essa questão do Black Lives Matter, então vocês devem nos apoiar’ e eles se sentiam no seu direito”.
Relato semelhante de parte de Fanone: “Eles sentiram que iriam até lá e nos diriam que estavam ali para retomar o Congresso e que concordaríamos com eles e caminharíamos de mãos dadas e simplesmente assumiríamos o controle da nação. Mas obviamente esse não é o caso e nunca será o caso”.
Ao lado desses policiais que resistiram ao assalto trumpista, há relatos de uma dezena de policiais do Capitólio que estavam de folga e que estão sendo investigados por ajudar a turba a violar e invadir o Congresso dos EUA.