O presidente russo Vladimir Putin rechaçou as sanções da Agência Mundial Antidoping (AMA) contra a Rússia, afirmando que “punições não podem ter caráter coletivo” e aplicadas a quem “nada tem a ver com as violações”, e acrescentou que a Rússia tem “todos os fundamentos legais”para recorrer da decisão.

“O principal, e todos estão de acordo aqui, qualquer punição deve ser individual, deve ser direcionada com base no que um indivíduo em particular fez. Não podemos ter punição coletiva”, ressaltou Putin. A declaração foi feita em entrevista após a Cúpula Normadia 4, em Paris, no dia 9, pela pacificação da Ucrânia.

No início desta semana, a AMA proibiu a Rússia de sediar ou competir em eventos esportivos internacionais por quatro anos, por suposta manipulação de dados do laboratório antidoping de Moscou. Banimento que abrange as Olimpíadas do próximo verão no Japão e a Copa do Mundo da FIFA 2022 no Catar, afetando milhares de atletas profissionais que nunca tomaram nenhuma substância proibida e só sonhavam em ganhar uma medalha, sob a bandeira russa e enquanto seu hino nacional tocava.

Os atletas russos ainda poderão competir em eventos esportivos internacionais sob bandeira neutra, mas somente se obtiverem a aprovação da AMA – o que significa que agora precisam provar sua inocência, ou, o que é o mesmo, que a presunção da inocência, princípio básico de justiça internacionalmente, não se aplica a eles.

O líder russo assinalou que “esse tipo de decisão não está baseada em preocupações com a ‘limpeza’ no esporte mundial, mas em considerações de caráter político, que nada têm a ver com as motivações do movimento olímpico”.

Também o Ministério das Relações Exteriores da China expressou sua oposição às medidas contra os atletas russos, e advertiu “contra a politização do esporte”, acrescentando que a Rússia é um país importante da comunidade olímpica internacional e que os direitos dos atletas limpos devem ser “protegidos”.

Questões sobre as quais também já havia se pronunciado o ministro do Exterior russo, Sergei Lavrov, que defendeu uma “discussão honesta” e que garanta tratamento igual quanto a qualquer país na esfera internacional.

“Não é possível que um ou dois (digamos, Rússia e China) sejam culpados de tudo e violem tudo, enquanto todo mundo vive de acordo com as próprias regras que eles escreveram sem consultar ninguém, e forçando todos os demais a cumprirem essas regras”, assinalou o chefe da diplomacia russa.