"Vamos garantir a educação, aumentar o orçamento", declarou Obrador ao defender o fim dos vestibulares para ingresso à Uiversidad Nacional Antónoma de México - foto Contrapeso Ciudadano

O presidente do México, Andrés López Obrador, afirmou que os vestibulares para os estudantes que querem entrar nas universidades públicas devem acabar. “O ideal é que todos os que queiram ingressar à universidade possam fazê-lo e que se suprimam os exames de admissão, que se garanta o direito à educação. A educação não é um privilégio, é um direito do povo e uma obrigação do Estado”, frisou.

 

“Eu não concordo com os exames de admissão, todos têm que ter a oportunidade de entrar na universidade. E que haja um período de atualização, de preparação, de melhora educativa, para que possam estudar, mas não rechaçar ninguém”, disse.

“É mil vezes melhor ter um jovem estudando que tê-los na rua”, assinalou durante conferência de imprensa realizada no Palácio Nacional, frente a dezenas de convidados que assistiram à Terceira Reunião da Conferencia Regional sobre Desenvolvimento Social da América Latina e o Caribe, na terça-feira, 1 de outubro.

López Obrador marcou sua divergência com os três aspirantes à Reitoria da Universidad Nacional Autónoma de México, UNAM, entre eles o atual reitor, Enrique Graue Wiechers, que pensam que se deve manter o vestibular.  A Lei Orgânica da UNAM faculta desde 1945 à Junta de Governo – integrada por 15 acadêmicos – designar o reitor que dirigirá a principal universidade pública do país até 2023.

A proposta do governo nacional de criar 100 campi da Universidade Benito Juárez nas regiões mais pobres do país está firme e já existem recursos para, nos próximos meses, iniciar esse processo, comentou o presidente.

Lembrou que no período neoliberal argumentavam que os jovens não passavam no vestibular por falta de preparo e essa era a forma de rechaçá-los. “Isso foi uma constante e não é verdade, foi uma mentira. Não é que não passavam, é que não havia espaços porque não se destinavam recursos para as universidades, porque o propósito era pôr a educação no mercado como se fosse uma mercadoria, privatizá-la”, observou.

Afirmou que se deixou de investir na educação pública e que durante três décadas foram rechaçados 300 mil jovens por ano nas universidades públicas, o que derivou em que crescessem as matrículas em escolas privadas e milhares ficassem de fora dos estudos.

“Até na UNAM, se 10 mil jovens solicitavam vaga para entrar no curso de Medicina decidiam que aceitariam 500, então aplicavam uma prova com 120 perguntas e resolviam que ingressariam os que respondessem bem 118. Ai, aquele que respondia bem 117 perguntas, não passava. Isso é inaceitável!”, repudiou.

“Olhem o dano que causam com uma política assim porque deixam os jovens sem opções. O que representa a escola em países como os nossos, onde há tanta pobreza, onde há desintegração familiar e decomposição social? A escola se transforma em um segundo lar”, disse.

“Esse é o tema, uma abordagem nova, diferente. Respeito a opinião dos aspirantes à reitoria da UNAM, mas nós vamos garantir a educação, aumentar o orçamento e respeitamos a autonomia”, assinalou e insistiu em que fazer massiva a entrada às universidades não está em contraposição com a excelência acadêmica.

Nas primeiras fileiras da Sala do Palácio Nacional estava Alicia Bárcena, secretária executiva da Comissão Econômica para America Latina e o Caribe, CEPAL, que minutos antes tinha falado, fazendo ênfase na atenção aos jovens.