Presidente Erdogan rejeita entrada da Finlândia e Suécia na Otan
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou nesta sexta-feira (13), que seu país é contra a entrada da Finlândia e da Suécia na Otan e acrescentou que a Turquia “está acompanhando com cuidado os fatos envolvendo os dois países, mas não temos uma opinião favorável”, disse em entrevista.
Erdogan indicou ainda que poderia usar seu status de membro da Aliança militar para vetar a entrada dos dois países pretendentes. Ele destacou que não quer que “se repita o mesmo erro” cometido com a adesão da Grécia e acusou Finlândia e Suécia de abrigar líderes de movimentos que defendem a divisão da Turquia.
A Otan toma as decisões por consenso, portanto, cada um dos 30 membros teria potencial poder de veto sobre novos integrantes. Vários funcionários da Otan disseram que o procedimento para acesso dos países nórdicos poderia levar “algumas semanas”, e até levar cerca de seis meses para os membros ratificarem o protocolo de acesso.
A reação da Turquia é a primeira voz dissonante dentro da Otan sobre a possibilidade de Finlândia e Suécia aderirem a essa aliança militar fundada em 1949 com base na hostilidade à União Soviética e que, após o fim da URSS, seguiu controlada por Washington, como sempre, e agora inimiga declarada da Rússia.
Violação do tratado de Paris de 1947
O Ministério de Relações Exteriores da Rússia enfatiza que a entrada da Finlândia na Otan violaria diretamente as obrigações do país nórdico sob o Tratado de Paris de 1947, “que estipula que as partes se comprometem a não formar alianças nem participar de coalizões contra uma delas”, e o tratado entre a Rússia e a Finlândia sobre os fundamentos de suas relações de 1992, “que estabelece que as partes se absterão de ameaçar ou usar a força contra a integridade territorial ou a independência política da outra parte, nem usarão ou permitirão o uso de seu território para a agressão armada contra a outra parte”.
A fronteira terrestre da Otan com a Rússia pode mais que dobrar se a Finlândia e a Suécia efetivamente aderirem à aliança. Atualmente, a Otan ameaça Moscou numa extensão de 1.215 quilômetros de fronteira terrestre com a Rússia, ao espalhar armas letais e tropas pelos territórios da Estônia, Lituânia, Letônia, Noruega e Polônia. Se a Finlândia se juntar à Otan, a fronteira direta com o país eurasiano aumentará para 2.600 quilômetros.
A Chancelaria da Rússia afirmou que a adesão da Finlândia à Aliança Atlântica “prejudicará seriamente” as relações bilaterais entre Moscou e Helsinque, bem como a “estabilidade e segurança” no norte da Europa. “A Rússia será forçada a tomar medidas recíprocas, tanto de caráter militar e técnico para lidar com as ameaças à sua segurança nacional decorrentes disso”.
De acordo com o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, o presidente Vladimir Putin comandou nesta sexta-feira uma reunião do Conselho de Segurança do país para discutir as “potenciais ameaças” em função da ampliação da Otan.