Presidente do Peru repudia agressão fujimorista e propõe Constituinte
“Neste Conselho de Ministros começamos a viabilizar esses projetos propostos por vocês, iniciamos agora e demos aos ministros dois meses para viabilizar e cristalizar as demandas do povo, das organizações de base”, afirmou o presidente Pedro Castillo, sob aplauso das organizações comunitárias de todo o Peru, em reunião no Palácio de Governo. em Lima.
Sustentado em mobilizações que tomaram a capital do país nesta quarta-feira (11) contra as perseguições do Ministério Público e dos tretatores fujimoristas, que levaram à detenção sem provas da sua cunhada Yenifer Paredes, Castillo anunciou que aprofundará seus vínculos com o povo. Entre as medidas, comprometeu-se a instalar gabinetes na Presidência do Conselho de Ministros (PCM) onde serão devidamente representadas “com voz autêntica e viva” as mesas de trabalho, para fortalecer a democracia e agilizar a materialização dos compromissos assumidos.
O presidente assegurou que não abrirá mão do programa desenvolvimentista acordado com o país, sabotado e desvirtuado por meios de comunicação, que buscam a todo custo a volta ao passado, e assegurou que as portas do Palácio se manterão abertas para receber os representantes dos povos originários. “Através dessa agenda da mídia, desse show, em conluio com setores que nunca fizeram nada pelo Peru, eles querem nos dobrar e nos quebrar, mas não vão conseguir, porque há uma agenda de país que o Peru estabeleceu para nós. Não é apenas a segunda reforma agrária, mas é reconhecer todos os povos indígenas, são ao todo 47 Projetos de Lei”, assinalou. Entre eles, está a Assembleia Plurinacional Constituinte, a recuperação dos recursos naturais – como o do gás, entregue à transnacional Repsol -, a reforma trabalhista e incentivos à industrialização, para gerar emprego, renda e direitos.
De acordo com o presidente, são grandes as “reivindicações sociais históricas postergadas, deixadas de lado, que não são levadas em conta”. Ao contrário, frisou, os meios de comunicação tentam manipular a opinião pública, “tentam fazer crer que este presidente veio para roubar os centavos do país, tentam fazer crer que o meu círculo familiar é igual ao daqueles que roubaram o país há 200 anos”.
Com uma estrutura judicial completamente viciada, herdada dos corruptos governos de Alan Garcia (1985-1990 e 2006-2011) e de Alberto Fujimori (1990-2000), Castillo enfrenta seis investigações fiscais com sua esposa Lilia Paredes, um recorde para um presidente em início de exercício no país sul-americano, tendo vários de seus colaboradores e familiares enfrentando acusações descabidas.