O tribunal considerou a “escala do crime e do dano à sociedade” e decidiu pela execução de Zhongsheng

O prefeito Zhang Zhongsheng, apelidado pelo povo de “padrinho”, por misturar sua atividade partidária e política com beneficiamento de pessoas que lhes eram próximas, foi sentenciado à morte ao ser comprovada sua recepção de 1,04 bilhão de yuans (US$ 166 milhões) em propina. Segundo a corte, Zhang Zhongsheng, também “buscou benefícios ilegais para outros com severo impacto na economia local”.

O tribunal considerou a “escala do crime e do dano à sociedade” e decidiu pela execução de Zhongsheng. De acordo com a legislação chinesa, todas as sentenças de morte de uma corte local devem ser informadas para a Corte Suprema em Beijing para que sejam levadas a cabo.

A execução de Zhongsheng, ainda depende desta apreciação final.

Segundo ainda a sentença, o vice-prefeito mostrou-se “extremamente ganancioso”. Ele “pegou propinas de forma enlouquecida de 1997 a 2013 e não se refreou nem mesmo após a decisão do 18º Congresso Nacional do Partido e causou perdas extraordinárias à nação e ao povo e deve ser punido severamente pela Justiça”.

A expectativa dos juízes, com o veredicto é deter os corruptos de alto escalão. A pena morte “é tomada de forma cautelosa”, disse o professor de Direito da Universidade de Ciência Política e Direito em Beijing, Xie Zhiyong, entrevistado pelo portal Global Times. Segundo a reportagem, o professor destaca que “a decisão foi tomada não apenas pelo montante não usual de dinheiro que Zhang recebeu, mas também porque suas ações tiveram uma influência extremamente danosa na sociedade e na economia local, prejudicando os interesses do povo”.

Ele avalia que a decisão “está de acordo com a lei da China”.

A campanha contra a corrupção foi lançada no 18º Congresso do Partido Comunista da China (PCCh), em 2012, pelo presidente Xi Jinping.

Em sua intervenção durante o 19º Congresso do PCCh, em 2017, o presidente chinês, avaliou que houve grandes vitórias neste terreno, mas destacou que “ainda estamos longe de considerarmos que a campanha foi coroada de sucesso. O partido ainda enfrenta testes sem precedentes, duros e de longo termo na busca de remodelar-se”.

Para Xi Jinping isto significa “investigar resolutamente os casos de quebra da lei por funcionários em funções de liderança e também sinceramente superar as tendências doentias e os problemas de corrupção que afligem o povo”.

“Os problemas vitais no partido são o pensamento impuro, a política impura, a organização impura e estilos de trabalho impuros. Tudo isso precisa ser fundamentalmente resolvido”, acrescentou o presidente.

Após o 19º Congresso Nacional do PCCh, Yang Xiaodu, deputado-chefe da Comissão Central para a Inspeção Disciplinar, ministro de supervisão e diretor do Birô Nacional da Prevenção de Corrupção, afirmou que, “após o Congresso, será mantido o ímpeto esmagador no combate à corrupção” e que “o ponto chave da Comissão Central para a Inspeção Disciplinar é combater os funcionários corruptos de alto nível, sobretudo os dirigentes corruptos ligados à política e economia. Os funcionários corruptos danificam os interesses do povo, o que é inconciliável com a natureza e o propósito do nosso Partido. Eles ameaçam severamente a base da governança do Partido e devem ser eliminados dos seus cargos. ”

Desde então o histórico dos últimos anos na China é pontilhado de casos de combate à corrupção.

Em 2016, Bai Enpei, ex-deputado do Congresso Nacional do Povo, foi sentenciado à morte – com dois anos de observação – por tomar 246,7 milhões de yuans (US$ 39,3 milhões) em propina. A sentença de Bai foi comutada a prisão perpétua, uma prática nos casos de corrupção em que o sentenciado mostra arrependimento, como informa a Xinhua.

No ano anterior à sentença do vice-prefeito de Luliang, à pena capital (descrita no início desta matéria), em 2017, mais de 159.000 pessoas foram punidas por corrupção e por violação do código de conduta do Partido, de acordo com informe da Comissão Central para a Inspeção Disciplinar, órgão do Comitê Central do Partido Comunista da China.

Ainda segundo o informe, 1.300 fugitivos foram localizados e trazidos de volta para a China, incluindo 347 funcionários graduados do Estado.

No primeiro trimestre deste ano, 374 fugitivos foram localizados e tiveram que retornar à China, segundo o jornal Diário do Povo. Durante este período recente, foram recuperados 624 milhões de yuans (US$ 91,8 milhões) roubados por estes fugitivos.