As mulheres responderam por 33% da delegação comunista presente ao 9º Encontro Sindical Nacional do PCdoB, realizado em Salvador (BA) nos dias 16 e 17 de junho. De 462 dirigentes e lideranças mobilizados para o Encontro, 153 eram mulheres que atuam no movimento sindical.

“Isso demonstra a preocupação do Partido com a ocupação dos espaços de discussão e decisão por parte das mulheres”, afirmou Valéria Morato, membro da Comissão Política Nacional do PCdoB e presidenta da CTB Minas. De acordo com ela, que coordenou as mesas do Encontro, houve um estímulo não só à representação feminina – mas também à atuação efetiva das mulheres durante todo o processo.

“Ao final, o documento que sai prioriza ações voltadas às mulheres e à juventude trabalhadora, para que a gente possa crescer cada vez mais o partido nesses segmentos e revigorar o que já existe”, completa Valéria. O desenvolvimento de um plano estratégico para as mulheres trabalhadoras foi um dos pontos da resolução aprovada.

Rosa de Souza, presidenta da CTB Bahia, lembra que o sindicalismo ainda é um ambiente predominantemente masculino. “Me sinto gratificada por ser mulher, ser comunista, ser uma dirigente e estar hoje ocupando um espaço que para nós, mulheres, é muito difícil, principalmente no movimento sindical”. Segundo ela, ocupar esses espaços de poder e discussão de forma qualificada é fundamental.  “Nós, mulheres, na maioria das vezes estamos à frente de pastas secundárias, e não em pastas estratégicas, que de fato definem a política dos sindicatos.”

A percepção de que o PCdoB prioriza a presença das mulheres é compartilhada por Eremi Melo, membro do Comitê Central e secretária de Formação da CTB. “Temos a maior bancada de mulheres proporcionalmente no Congresso Nacional, e isso se reflete no movimento sindical”. Ela, porém, destaca que é importante ampliar a participação. “Nossa Secretaria de Mulheres é muito atuante. Temos que reforçar essa atuação junto à Secretaria Sindical, exatamente para trazer mais mulheres para o debate”.

Eremi ainda afirmou que, durante o Encontro, as lutas das mulheres foram amplamente tratadas, inclusive pelos homens. “Antes só as mulheres falavam dessa questão. Para emancipar a classe trabalhadora, precisamos emancipar as mulheres e, por isso, é uma tarefa de todos”.

Uma das pautas citadas em várias intervenções foi a vitória do movimento sindical na aprovação da Lei de Igualdade Salarial, enviada ao Congresso pelo governo Lula. “A Secretaria Sindical, juntamente à Secretaria de Mulheres, precisa atuar para organizar as mulheres e fazer valer essa lei”, afirma Daniele Costa, secretária de Mulheres do PCdoB. “Foi uma grande conquista, mas agora precisamos de um movimento sindical atuante para que de fato as mulheres conquistem esse direito de ter valorização e reconhecimento de sua força de trabalho estratégica para a sociedade brasileira”.

No momento, 13 projetos voltados às mulheres estão em processo de votação no Congresso, conforme Celina Arêas, secretária da Mulher Trabalhadora da CTB. ”Fizemos, durante o Encontro, uma avaliação do governo e dos avanços em relação a nós, mulheres”, afirmou. “Esse Encontro nos revigora e nos fortalece para que a gente acredite que, a cada dia, vamos avançar mais. Sabemos que não é fácil, mas a luta continua e vamos vencer.”