O primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez pediu a prorrogação por mais 15 dias, até o dia 12 de abril, do estado de emergência decretado na Espanha para conter a pandemia Covid-19, o que irá à aprovação do parlamento. Na véspera, ele advertiu aos espanhóis que “o pior está por vir”, e que é preciso ganhar tempo para preparar o sistema hospitalar e evitar seu colapso.

A prorrogação tornou-se imprescindível após o número de mortos na Espanha pelo coronavírus chegar a 1720, com mais de 28 mil casos confirmados e quase 3.500 novos contágios em 24 horas. Depois da Itália, é a situação mais grave na Europa, que se tornou o epicentro da pandemia. No mundo, apenas Itália, China e Irã têm mais mortos que a Espanha.

A decisão foi comunicada a líderes regionais da Espanha no domingo, por videoconferência. Inicialmente, a medida duraria até 29 de março.

Em seu pronunciamento no sábado, Sánchez pediu força e união a todos os cidadãos e a todas as forças políticas. Ele revelou que “a onda [de contágios] mais difícil permanece, o que colocará nosso sistema [de saúde] em risco”, e que “infelizmente os casos diagnosticados vão aumentar nos próximos dias”.

Como enfatizou, a maior tensão para resistir à avalanche com o sistema hospitalar espanhol se depara está concentrada em Madri. “Todos os recursos do Estado estarão voltados, nas próximas semanas, a vencer esta batalha”. “Estamos lutando contra um inimigo que vamos derrotar e que estamos derrotando progressivamente”, acrescentou.

Sánchez enfatizou que o confinamento quase total é a melhor opção agora. “Nossa estratégia não é a única possível. Outras nações decidiram não parar como uma forma de imunizar a população, mas isso se mostrou insustentável devido ao enorme custo de vidas humanas ”, afirmou ele em clara referência ao plano abandonado por Boris Johnson na Grã Bretanha.

O primeiro-ministro também demonstrou empatia para com os cidadãos trancados em suas casas, em isolamento quase total. “É uma catástrofe para a qual a humanidade não estava preparada. Esses sete dias nos mudaram. Vemos toda a vida vizinha como uma vida ameaçada. Mudamos a maneira como vemos os vizinhos, a quem não vemos mais como estranhos. Esta crise está trazendo o melhor de nós mesmos”.

Em Madri, o Centro de Convenções está sendo transformado em um centro de emergência, que numa primeira fase receberá 1.300 leitos convencionais e 96 leitos de terapia intensiva. O hospital de emergência pode ser ampliado em uma segunda etapa para 3 mil leitos e, se houver necessidade, até 5 mil.

Também estão sendo adaptados hotéis para receberem pacientes com casos leves, já em quadro de pré-alta, e que por vários motivos não teriam como manter as medidas de isolamento em suas residências.