O premiê espanhol, Pedro Sánchez, afirmou em artigo publicado em dez jornais europeus que a sobrevivência do projeto do continente está em jogo na guerra contra o coronavírus. Ele insta a União Europeia a demonstrar uma “solidariedade contundente” e a erguer “uma economia de guerra” ante a pandemia.

Sánchez assinalou que essa “guerra contra um inimigo invisível” está pondo “a prova o futuro do projeto europeu” e exige “posturas contundentes”. “Ou estamos à altura das circunstâncias ou fracassaremos como União”, alertou, assegurando que a Europa está sofrendo “sua maior crise desde a Segunda Guerra Mundial”.

Nesse sentido, frisou que inclusive os países “mais europeístas”, como a Espanha, necessitam agora “provas de compromisso real” e uma solidariedade “contundente”, já que sem ela “não haverá coesão”, o que conduzirá a “desafetos”, de tal forma que “a credibilidade do projeto europeu ficará gravemente prejudicada”.

O chefe do governo espanhol defendeu que a União Europeia deve “promover a resistência, a reconstrução e a recuperação europeia”, tanto agora como depois que se supere a pandemia. Argumentou que para reconstruir as economias europeias, se necessitará mobilizar “uma grande quantidade de recursos” no que chamou “novo Plano Marshall”, ressaltando que essa medida terá que ser respaldada por “todas as instituições comuns”.

Na opinião de Sánchez, mesmo que o Mecanismo Europeu de Estabilidade possa ser útil a curto prazo, para “injetar liquidez às economias europeias mediante uma linha de crédito” – que deve ser “universal” e sem pré-condições -, tal instrumento não será suficiente a médio prazo.

Nesse contexto, advogou a favor da criação de “um novo mecanismo de mutualização da dívida”, comprando suprimentos médicos essenciais enquanto um bloco único, estabelecendo estratégias coordenadas de segurança cibernética e criando “um grande plano de choque” para garantir que o continente possa recuperar-se da pandemia sem que haja “brechas entre o norte e o sul” e sem “deixar ninguém para trás”.

Sánchez pediu urgência na tomada de “decisões valentes” para não decepcionar “milhões de europeus que acreditam no projeto da União”. “Não os abandonemos”, concluiu.

O número de mortos diários por coronavírus na Espanha caiu neste domingo (5) pelo terceiro dia consecutivo, com 674 mortes em 24 horas, o que eleva o balanço total para 12.418 pessoas – informou o Ministério da Saúde.

O governo espanhol anunciou no sábado (4) novas medidas de isolamento para os espanhóis e prolongou o confinamento em suas casas por mais três semanas, até o dia 26 de abril.

Pedro Sanchez, líder do Partido Socialista dos Trabalhadores da Espanha, foi eleito no dia 7 de janeiro último como presidente do Governo espanhol após formar com a frente Unidas Podemos, o primeiro executivo da coalizão do atual período democrático no país. A Espanha encerrou então um período de dez meses com um Executivo interino, com duas eleições presidenciais, nas quais a política foi polarizada e as instituições foram submetidas a uma grande tensão.