Prefeito eleito de Goiânia, Maguito Vilela, morre de Covid-19
O prefeito foi diagnosticado em 20 de outubro e passou todo o final do processo eleitoral internado, vencendo com 52% dos votos.
O prefeito licenciado de Goiânia Maguito Vilela, de 71 anos, morreu às 4h10 desta quarta-feira (13), segundo nota divulgada, no começo da manhã, pelo Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
No dia 19 de outubro, Maguito suspendeu sua agenda de campanha eleitoral por suspeita de Covid-19. Na época, o candidato disse que estava com sintomas de sinusite e iria fazer o exame de coronavírus por recomendação médica. No dia 20 é divulgado o exame positivo para covid-19.
No dia 22 de outubro, Maguito é internado no Hospital Órion, em Goiânia. A equipe médica justificou que a medida era necessária para minimizar riscos na fase considerada mais aguda da doença, entre o 6º e o 9º dia. Neste dia, o emedebista publicou nas redes sociais um vídeo em agradecimento pela torcida por sua recuperação e afirmou que estava bem. “Essa é uma doença traiçoeira. É bom que todos vocês se protejam. Usem máscaras e lavem as mãos todos os dias porque não é brincadeira, não”, disse o candidato no vídeo.
Diante do comprometimento dos pulmões entre 50% e 75%, o candidato é transferido no dia 27 de outubro para o Hospital Israelita Albert Einstein,
em São Paulo, sob a justicativa de que o paciente teria, na instituição, suporte otimizado em relação à assistência ventilatória.
Após melhora, teve dificuldades para respirar e foi entubado no dia 30 de outubro. Nos dias seguintes chegou a sair da sedação e receber notícias da campanha, que o colocava como empatado nas intenções de votos com Vanderlan Cardoso (PSD). No dia da eleição, 15 de novembro, ele é entubado pela segunda vez por inflamação pulmonar.
No dia do segundo turno da eleição, 29 de novembro, o boletim médico informou que Maguito estava com traqueostomia, sedado e conectado a ventilação mecânica com parâmetros satisfatórios de oxigenação. Nesta altura, já tinha passado por traqueostomia, processo ainda mais invasivo e perigoso.
Em primeiro de dezembro ele é considerado curado da covid-19, mas se trata de complicações posteriores. Durante dezembro, chegou a sair da sedação, fazer fisioterapia e receber visita de netos, depois de dois meses de internação, sem poder falar. Na última quinta-feira, 7 de janeiro, ele volta a ter infecção pulmonar.
Maguito chegou a ter momentos de despertar, no entanto nos últimos dias, uma infecção bacteriana nos pulmões e o uso de medicamentos em altas doses não foram suficientes para que o mesmo retornassem da licença para assumir a Prefeitura.
Luís Alberto Maguito Vilela nasceu em Jataí, era advogado, foi vereador na
cidade, deputado estadual, deputado federal, vice-governador, governador,
senador, vice-presidente do Banco do Brasil, prefeito de Aparecida de Goiânia por dois mandatos e venceu a eleição para a Prefeitura de Goiânia em 2020.
Contra o impeachment de Dilma
À época do impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT), Maguito era prefeito de Aparecida de Goiânia, e saiu em defesa da presidenta, mesmo após o oficializado rompimento entre as legendas em nível nacional. O vice- presidente Michel Temer, de seu partido, era o maior articulador e beneficiário do afastamento da petista.
Contrariando o posicionamento do próprio filho, o deputado federal Daniel Vilela (PMDB), que anunciou voto favorável ao processo de impeachment, Maguito avaliou que não há base jurídica sólida para o impedimento.
“Quem tira político ‘ruim’ do poder é voto. Quem tira do poder político desonesto é a Justiça ou o Congresso Nacional por meio de impeachment, mas para isso é preciso ter uma base política sólida e eu ainda não enxerguei essa base. Se fosse assim, metade ou mais dos governadores e prefeitos do Brasil teriam que sofrer impeachment também”, defendeu.
Ao comentar sobre o áudio divulgado em que Temer antecipava a votação do impeachment e já discursava como presidente, Maguito lamentou a falta de privacidade no País e citou o vazamento do diálogo entre Dilma e o ex-presidente Lula, fazendo críticas veladas ao juiz Sérgio Moro.
“Quando gravaram a presidente cometeram o maior crime, pois gravar a presidente é gravar segredos do Estado. Em qualquer lugar do mundo, seria uma acusação gravíssima. Isso vem ocorrendo graças a instituições que estão colocando o País às avessas. Esses vazamentos estão mais para ditadura do que para democracia”, sentencia.
Pastor, radialista e missionário
Com a morte de Maguito, Rogério Cruz (Republicanos), que era vice na chapa, assumirá de maneira definitiva o cargo de prefeito de Goiânia. Ele já respondia como prefeito em exercício desde o dia 1º de janeiro, quando os vereadores aprovaram o afastamento de Maguito por tempo indeterminado, enquanto ele estava em tratamento.
A Câmara de Vereadores ainda analisa a necessidade de alguma solenidade e como será feito o trâmite burocrático. Como o cargo de vice-prefeito ficará vago, em caso de viagem ou afastamento de Rogério Cruz, o presidente da Câmara, Romário Policarpo, assume interinamente a administração da capital.
Maguito foi eleito com 52% dos votos no 2º turno das Eleições 2020. Tomou posse de forma virtual, ainda na UTI, por meio de uma assinatura de termo eletrônico. No mesmo dia, ele se licenciou do cargo.
Rogério Cruz nasceu em Duque de Caxias (RJ), no dia 1º de setembro de 1966. Ele é pastor evangélico e formado em gestão pública. Também tem experiência como radialista e administrador. É casado e tem dois filhos. Foi missionário na África por 16 anos.
Em 2010 se mudou para Goiânia. Rogério foi eleito para vereador da capital pela primeira vez em 2012. Ele teve 7774, sendo o único candidato a vereador que teve votos em todas as urnas de todas as seções eleitorais. Já em 2016, ele foi reeleito com 8312, o quarto vereador mais votado.
(Por Cezar Xavier)