Preços dos combustíveis disparam e inflação é a maior desde 2016
Enquanto desempregados e trabalhadores que perderam suas rendas na pandemia aguardam a nova rodada do auxílio emergencial, que será reduzido para menos da metade, segundo proposta de Bolsonaro e Paulo Guedes, os preços dos combustíveis e dos alimentos disparam.
De acordo com os dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado, nesta quinta-feira (11), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação em fevereiro ficou em 0,86% – a maior taxa para o mês desde 2016.
Com esse resultado mensal, a inflação acumula alta de 5,2% em 12 meses, também a maior acumulada desde 2017. No ano, os preços subiram 1,11% de acordo com o IPCA.
O aumento do preço dos combustíveis se destacou, jogando, mais uma vez, por terra, a demagogia de Bolsonaro durante a campanha eleitoral de que o litro da gasolina, por exemplo, não ultrapassaria R$ 2,50 no seu governo.
Em fevereiro, alta de preços dos combustíveis teve o maior impacto na inflação, contribuindo para que o item “transportes” registrasse inflação de +2,28%. Na comparação com janeiro, a gasolina subiu +7,11%; o etanol, +8,06%; e o óleo diesel +5,40%. Com isso, os combustíveis acumulam alta de +28,44% nos últimos nove meses, aponta o IBGE.
Com aval de Bolsonaro, que mantém os preços dos combustíveis atrelados ao mercado externo e ao dólar, o preço dos produtos nas refinarias da Petrobrás dispararam. Na terça-feira (9), o governo anunciou o sexto aumento seguido no preço da gasolina e o quinto no preço do diesel.
Além do preço dos combustíveis, que encarece não só a conta de quem abastece, mas a chegada dos produtos na casa dos consumidores, o custo da alimentação continua em disparada.
O item alimentos e bebidas teve aumento de preços de 0,27% no mês – após +2,4% em novembro, +1,74% em dezembro e +1,02% em janeiro.
Em 12 meses desde o início da pandemia, o preço dos alimentos subiu 15% no país – o triplo da inflação oficial medida pelo IPCA. Decorre disso que a inflação para as famílias mais pobres (para as quais alimentação costuma ter maior relevância dentro das despesas) está acima do índice geral, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas: 6,27% em 12 meses até fevereiro nos cálculos do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), calculado pelo órgão.
De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a cesta básica chegou a custar, em fevereiro, mais de R$ 630,00 em algumas capitais do país, comprometendo 54,23%, em média, o salário mínimo. Enquanto isso, uma legião de brasileiros desamparados receberá uma renda emergencial irrisória, entre R$ 175 e R$ 375.