Caminhão-tanque abastece posto de combustivel no Plano Piloto, região central da capital

O mega aumento nos preços dos combustíveis promovido pela direção da Petrobrás com aval de Bolsonaro, na última sexta (11), fez o preço da gasolina no país disparar novamente, chegando em média a R$ 7,47 por litro, segundo levantamento feito pela empresa de gestão de frotas ValeCard. Custo esse superior ao recorde verificado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) em novembro de 2021, de R$ 6,795, já corrigido pela inflação.

A sondagem, feita a pedido da Folha, considera registros de transações eletrônicas em postos de todo o Brasil entre sexta (11) e domingo (13). O governo autorizou um aumento de 18,8% no preço da gasolina, do diesel em 24,9% e o do gás de cozinha em 16,1%, com vigência a partir do dia seguinte.

A ValeCard mostra que apenas dois estados ainda têm preço médio da gasolina abaixo de R$ 7: São Paulo (R$ 6,981) e Amapá (R$ 6,993). Por outro lado, em duas capitais, já se aproxima dos R$ 8: Natal (R$ 7,945) e Belém (R$ 7,848).

Questionado ontem, segunda-feira (14), por seus apoiadores sobre o aumento dos combustíveis que se aproximava de de R$ 10 em alguns estados, Bolsonaro voltou a culpar os estados, o ICMS, e admitiu que o preço do combustível “está chegando a quase R$ 10”. Mas não citou o aumento autorizado por ele nas refinarias, fruto da política de atrelamento dos preços dos derivados de petróleo ao dólar e ao barril de petróleo, política que ele se recusa a mudar, em prol dos acionistas da companhia, na maioria estrangeiros. Prefere tirar os dos estados os recursos destinados à saúde, educação, segurança, ciência, etc, e encher os bolsos dos acionistas, estes que receberam R$ 101 bilhões em dividendos no ano passado, enquanto o povo, dono do petróleo, produzido no Brasil, está pagando o olho da cara pelos combustíveis.

No domingo, Bolsonaro declarou que “uma das gasolinas mais baratas do mundo é a nossa”.

O preço médio no fim de semana é 8,14% superior à média dos dez primeiros dias de março. Amazonas (alta de 10,06%), Ceará (12,49%), Paraná (11,62%), Rio Grande do Norte (12,95%) e Rio Grande do Sul (10,10%) tiveram alta superior a 10%. Em São Paulo, a alta foi de 8,51%. No Rio de Janeiro, de 6,91%, com preço médio de R$ 7,740 por litro.

Antes mesmo do conflito entre a Rússia e Ucrânia, os preços dos combustíveis já estavam superiormente caros no Brasil. Em tempos de governo Bolsonaro, os preços dos combustíveis acumulam alta superior ao da inflação oficial de 10,54% em 12 meses até fevereiro: gasolina (+32,62%), diesel (+40,54%), etanol (+36,17%), gás de botijão de cozinha (+27,63), gás encanado (+26,36%) e gás veicular (38,41%). Esses números do IBGE não contabilizam os recentes aumentos pela Petrobrás.

Além de extorquir o brasileiro nos preços dos combustíveis e do gás de cozinha, Bolsonaro agora decidiu dar uma ajudazinha aos EUA exportando petróleo para o governo daquele país reduzir o combustível para os norte-americanos.

E ainda desmonta o parque nacional de refino com a venda de refinarias, como a entrega da Refinaria Randulpho Alves (RLAM), na Bahia, renomeada Refinaria Mataripe, para um fundo árabe (Mubadala, dono da Acelen), que logo que assumiu aumentou a gasolina, que já é vendida a R$ 7,691 por litro, alta de 9,9% em relação à semana anterior, além de aumentar o gás de cozinha. Só este ano, a Acelen já realizou cinco reajustes nos preços dos combustíveis. Neste fim de semana, segundo a ValeCard, o preço médio da gasolina no estado foi R$ 7,7091