Preço do gás de cozinha sobe novamente e já é vendido a R$ 135
Desde o início do ano, o preço médio do botijão de gás aos consumidores subiu quase 30%, chegando a ser vendido a até R$ 135 na região norte do país, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
O preço médio estava em R$ 75,29 no final de 2020 e chegou a R$ 96,89 na semana passada. A alta é mais de 5 vezes a inflação acumulada no período, de 5,67%.
Os números falam por si e fazem parte da carestia que as famílias têm enfrentado nos últimos meses, com os também violentos aumentos do arroz, do óleo de soja, da carne, entre outros alimentos básicos, à mercê de exportações descontroladas que desabasteceram o mercado interno. Além do aumento da conta de luz que neste mês está na bandeira vermelha patamar 2.
Os aumentos do gás de cozinha refletem o absurdo da política de preços do governo Bolsonaro de atrelar os preços dos combustíveis ao mercado internacional e à variação do dólar.
Se para a gasolina e diesel essa política já atravessou a economia, com a greve dos caminhoneiros de maio de 2018 paralisando o país, quando observamos seus efeitos no gás de cozinha o impacto são imediatos e perversos, particularmente para as famílias de baixa renda que não têm como comprá-lo. O aumento no preço do botijão de gás tem levado muitas famílias a substituí-lo por fogão à lenha, carvão ou álcool, com o aumento do risco de acidentes.
Numa medida demagógica, Bolsonaro zerou a alíquota de PIS e Cofins que incide sobre o gás de cozinha por alguns meses. Nada que pudesse fazer frente à política de preços atrelada ao mercado estrangeiro.
“A botija de gás custando quase 10% do salário mínimo, não deveria ser assim. É um item básico e determinante para as famílias de baixa renda, principalmente”, afirmou o economista Marcelo Loyola Fraga. Para o economista, a inflação alta vai disparar ainda mais se o governo federal não fizer nada. “É um aumento atrás do outro de itens básicos, como carne, frango, gás de cozinha, energia. O governo precisa de uma política econômica definida”.
Além disso, a redução no preço não chegou ao consumidor porque as empresas aproveitaram para aumentar suas margens de lucro.
“Muitas companhias já avisaram que, analisando a planilha de custos, não poderão repassar a queda do imposto, ou seja, a medida só vai ajudar a aumentar a lucratividade das distribuidoras”, disse, em março, o presidente da Associação Brasileira dos Revendedores de Gás Liquefeito de Petróleo (Asmirg), Alexandre Borjaili.
Persistindo a política de preço da direção da Petrobrás, com aval de Bolsonaro, que na campanha eleitoral prometeu reduzir o preço do botijão de gás para R$ 30, mais provável a ocorrer é termos mais aumentos para os combustíveis e o gás de cozinha, diante do aumento dos preços do barril de petróleo que tende a continuar.
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