Jair Bolsonaro e Jorge Kajuru

No momento em que vivemos um avanço da pandemia no Brasil, sobretudo com a piora dos índices de infecção e de internação que avançam principalmente sobre a juventude brasileira, este deveria ser o momento em que o Brasil estivesse todo unido para enfrentar a pandemia e salvar vidas.

Por Vanessa Grazziotin*

O Brasil deveria estar envolvido na aplicação de políticas que garantissem o atendimento digno à saúde de todas e de todos, que garantissem a aplicação de uma política econômica voltada para ajudar aquelas e aqueles que mais precisam.

É neste momento que, inacreditavelmente, Bolsonaro segue criando a cada dia novos factóides e boicotando ações importantes que deveriam estar acontecendo no Brasil.

No último domingo, dia 11 de abril, chamou a atenção o fato de que um senador da República, eleito pelo estado de Goiás a partir da influência da onda bolsonarista e lavajatista, decidiu divulgar uma fala dele com o presidente Jair Bolsonaro acerca da instalação da CPI da Covid, determinada pelo ministro Luiz Barroso, do Supremo Tribunal Federal, no último dia 8.

Aliás, essa determinação da instalação da CPI foi recebida com completo desequilíbrio por parte do presidente, que mais uma vez agiu com muita violência e de forma muito desequilibrada, como é comum toda a vez que ele vê seus interesses sendo ameaçados.

O senador Jorge Kajuru (Podemos – GO), que se diz “parte de um grupo independente e defensor da ética” – que ao meu ver não passa de uma aparência – divulgou essa conversa, não sei se combinado ou não com o próprio presidente da República.

Pois bem, a gravação divulgada revela questões gravíssimas, pois tanto o presidente Jair Bolsonaro quanto o senador Jorge Kajuru tramam uma forma de inviabilizar a CPI, mesmo ela sendo instalada. E inviabilizar de que forma? Ampliando seu escopo e fazendo com que a CPI investigue também, além do governo federal, estados e municípios brasileiros.

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Na gravação, compreende-se a partir das palavras de Bolsonaro, que ele quer que todos estejam colocados na CPI porque essa será uma forma de inviabilizar a investigação. E ele exige que o senador continue ameaçando os ministros do Supremo. Isso é crime de responsabilidade.

Lamentavelmente, o Senado Federal já apresentou mais de 40 assinaturas para ampliar o escopo dessa CPI. O que, repito, é lamentável, já que o que o parlamento deveria ser independente e ter responsabilidade com o Brasil abrindo um processo de investigação contra Bolsonaro, que cometeu crimes.

Aliás, a conversa deixa clara a influência sofrida pelo senador Kajuru por parte de Bolsonaro.

Este senador, que se diz de um grupo independente, de independente, na verdade, não têm nada. Porque a coragem e a postura de “tigrão” que ele faz questão de manter no plenário do Senado não é a mesma que ele tem ao se relacionar com Bolsonaro, onde ele se revelou um “tchutchuquinha”, um pau mandado do presidente.

Então eu lamento que a maioria parlamentar esteja agindo desta forma. Primeiro porque, com essa postura, o Senado inviabiliza o bom andamento da própria CPI.

Segundo, porque novamente passaram a mão na cabeça de Bolsonaro diante de mais um crime grave cometido por ele. E passar a mão na cabeça do presidente significa permitir a continuidade dessa política que destrói economicamente o Brasil e que destrói tantas vidas.

Passar a mão na cabeça de Bolsonaro permite a continuidade dessa política genocida.

Então, a luta por uma CPI independente é uma luta que todas e todos nós devemos travar neste momento, cobrando diretamente de cada senador e de cada senadora da República não só uma postura independente, mas uma postura em defesa das vidas brasileiras.

Ouça o áudio:

(Edição: Leandro Melito)

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Vanessa Grazziotin* é secretária nacional da Mulher do PCdoB. Foi dirigente estudantil e sindical. Foi vereadora em Manaus, deputada federal e senadora pelo PCdoB Amazonas. Foi procuradora da Mulher no Senado.

 

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