A captação líquida (depósitos menos retiradas) da caderneta de poupança em 2019 caiu 65,2%
na comparação com 2018. Com o desemprego batendo recordes e aumento da informalidade
lançando 38,8 milhões de brasileiros no trabalho precário, a renda também ficou reprimida,
prejudicando os depósitos na caderneta de poupança que é a única aplicação confiável para
milhões de trabalhadores e aposentados brasileiros.
Além do mais, a partir de 2012, no governo Dilma Rousseff, a caderneta de poupança foi
golpeada com uma norma que limitou sua correção a 70% da taxa básica de juros (Selic)
quando esta estiver abaixo de 8,5% ao ano, mais a Taxa Referencial, calculada pelo BC. Com a
Selic a 4,5% ao ano, a caderneta de poupança passou a render menos e encerrou 2019 com
rendimento de 4,26%.

Isso significa que o rendimento da caderneta de poupança ficou menor do que a inflação, não
teve ganho real em 2019. Segundo o IBGE, a inflação oficial do país, medida pelo Índice de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2019, foi de 4,31%. O que não acontecia desde 2015.
Antes da mudança na regra em 2012, a caderneta de poupança rendia, pelo menos, 6% ao
ano, uma rentabilidade mínima mensal de 0,5%, desde 1861, segundo a Caixa Econômica
Federal. A mudança passou a valer para os depósitos feitos a partir de 3 de maio de 2012. Para
os depósitos feitos anteriores à mudança, o rendimento é maior.
Em 2019, a diferença entre depósitos e saques foi de R$ 13,327 bilhões a favor dos depósitos.
Em 2018, essa mesma diferença foi de R$ 38,260 bilhões. O volume de depósitos nas
cadernetas de poupança de todo país em 2019 foi de R$ 2,476 trilhões e os saques no mesmo
período foram de R$ 2,461 trilhões, segundo informações do Banco Central (BC), divulgadas no
dia 7.
O estoque de recursos depositados na poupança atingiu R$ 845,464 bilhões em 2019, frente a
R$ 797,821 bilhões do ano anterior.
Nos anos de crise aberta em 2015 e 2016 os saques foram maiores em R$ 53,57 bilhões e R$
40,7 bilhões respectivamente, dois dos maiores saldos negativos da história. Os poupadores
retiraram o dinheiro das cadernetas para consumo ou para cobrir dívidas, em um cenário de
queda brusca da renda e de aumento de desemprego.